Os efeitos da crise de energia elétrica nas taxas de desemprego não devem ocorrer como "um comportamento de manada" nos próximos resultados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O impacto deve ser diluído ao longo do próximo semestre não necessariamente concentrado no resultado de julho, de acordo com o economista do Dieese Sérgio Mendonça. Ele explicou que as empresas já vêm se preparando para os efeitos negativos do racionamento e da desvalorização cambial.
"Desde novembro, empresas como Ford e Mercedes estão se reestruturando com o Programa de Demissão Voluntária (PDV). O que não estava programado eram as férias coletivas, mas pode ser até que elas não representem um impacto significativo na taxa de desemprego em um universo de 7,6 milhões de ocupados na região metropolitana de São Paulo", disse.
Nos dados do mês de junho, divulgados há pouco, a crise de energia ainda não foi sentida. "A despeito do anúncio de convocação de férias coletivas, as maiores modificações que percebemos não são no nível de emprego, mas na renda", afirmou. No primeiro semestre de 2001, o rendimento médio dos ocupados caiu 6,7%, para R$ 840,00. É a maior redução verificada para um semestre desde 1997. "Os rendimentos estão mais baixos. Isso é sinal de muita gente com pouco tempo de emprego e, portanto, com média de salários mais baixa", disse.