O presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Mário Santos, considera que a adoção das medidas previstas no plano B do racionamento ainda não podem ser afastadas para o Nordeste, região onde os efeitos da estiagem são mais graves. Mas afirma acreditar que haja alguma chance de evitar até o final do período de estiagem a adoção de tais medidas, que prevêem, num primeiro momento, os feriados programados e têm como proposta mais radical a programação de apagões. Nesse sentido, Santos se classifica como otimista e aposta, inclusive, na possibilidade de os reservatórios alimentados pelo Rio São Francisco, que servem as principais hidrelétricas nordestinas, mantenham-se acima dos 4,3% de capacidade mínima estimada para o final de novembro no plano do racionamento.
Como a afluência de chuvas na região não tem sido suficiente para a manutenção dos reservatórios em níveis ideais, Mário Santos explicou que a economia de eletricidade, somada à transferência de 1,3 mil megawatts (MW) médios das demais áreas do País, tem sido a opção mais efetiva para a conservação das reservas nordestinas, atualmente em 22,67% da capacidade, ou 0,41 ponto percentual além do mínimo ideal estimado pelo ONS.
Segundo Mário Santos, a evaporação natural excessiva e o uso indiscriminado de água para irrigação têm piorado a situação dos reservatórios no Nordeste do País. Desde o final de junho a Câmara de Gestão da Crise de Energia (GCE) decidiu aumentar de 1 mil MW para 1,3 mil MW médios as transferências para o Nordeste como forma de compensar o baixo nível dos reservatórios da região. "Com essa transferência, a gente pode afastar a hipótese do plano B", afirmou.
Atualmente, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, junto com a usina de Itaipu, são responsáveis por mandar até 700 MW médios ao Nordeste, enquanto que Tucuruí, no Pará, contribui com no máximo 800 MW médios. Já em relação às transferências para o Sudeste do País, o Sul e a usina de Itaipu têm contribuído com 5,2 mil MW médios.
A GCE está planejando fixar as transferências de Tucuruí em 800 MW, e o restante da diferença para 1,3 mil MW (500 MW) sairia das demais regiões. Assim, o núcleo executivo da GCE conclui que é necessário ampliar a meta de corte de energia no Norte do País, de 15% para 20%, a partir de agosto. Mário Santos participou hoje, em São Paulo, de encontro com representantes da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústria de Base.