Atualizado às 13h17A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta terça-feira em São Paulo os resultados da pesquisa "Efeitos do Racionamento de Energia Elétrica na Indústria". A pesquisa revela que 63,4% das indústrias ouvidas pretendem demitir funcionários, contra 21,5% que não vêem as demissões como solução para o período de racionamento de energia.
De acordo com o estudo, 75% das empresas pesquisadas responderam que os reflexos do racionamento sobre as atividades produtivas podem ser significativos. A maioria estima que a queda da produção, necessária para cumprir as metas do plano, será superior a 15%. Porém na média entre os entrevistados, a porcentagem de redução prevista da atividade ficará em cerca de 9,5%.
Das 918 empresas que participaram da pesquisa, 76% consideram que o cumprimento da meta de redução de consumo de energia só será possível com a redução da produção. O estudo foi realizado entre os dias 11 e 20 de junho, durante a vigência do primeiro mês de racionamento.
Crescimento - O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado federal Carlos Eduardo Moreira Ferreira (PFL-SP), disse que é incontestável o fato de que o País vai crescer menos em razão da crise de energia. Ele estima, baseado nos estudos que vêm sendo divulgados ao longo do mês, que essa queda possa chegar a 2,5 pontos percentuais. “Todos vamos pagar por essa crise. A sociedade brasileira vai pagar essa conta”, afirmou.
O deputado afirmou que as indústrias nacionais estão praticamente cumprindo as metas de corte de eletricidade estipuladas pela Câmara de Gestão da Crise de Energia (CGCE). “É possível atingir as metas, mas vamos agora pedir para São Pedro dar uma mãozinha”, disse o parlamentar.
Moreira Ferreira considera ainda que a atual crise poderá ter impactos positivos sobre a forma como as indústrias programam seu processo produtivo, já que, segundo o estudo, elas estão buscando maior eficiência energética na produção.
Confira outros pontos abordados pela pesquisa:
Indústrias se adequam ao racionamento
Parte das indústrias nacionais – 22% delas – pretende promover alteração no mix de produtos, enquanto 20% devem subcontratar ou terceirizar parte de sua produção para se adequarem ao racionamento de energia.
De acordo com a pesquisa, um número relativamente reduzido das empresas estudadas pretende promover o fechamento de unidades produtivas (9%), o deslocamento para unidades fora do racionamento (8%) e a importação do produto acabado para atender ao mercado prejudicado pela eventual queda de produção relativa aos cortes de energia (6%). Para as unidades não-sujeitas ao racionamento em junho, a expectativa de aumento da produção chegava a 18% na região Norte e a 12% no Sul.
42,7% das empresas acham que é cedo para reavaliação
Pelo menos 42,7% das empresas que responderam aos questionários da pesquisa "Efeitos do Racionamento de Energia Elétrica na Indústria", acreditam ser ainda muito cedo para reavaliar se os planos de investimentos para os próximos dois anos devem ser revistos em razão do racionamento. Apesar disso, 39,2% dos entrevistados consideram que as inversões serão menores. Já outros 15% consideram que os investimentos serão substancialmente menores. Na outra ponta, 18% responderam que pretendem manter seus programas de investimentos inalterados.
No estudo, ainda não é possível fazer projeções claras sobre os efeitos do racionamento na balança comercial deste ano, segundo o CNI. Porém, a maioria das empresas respondeu que pretende manter inalteradas tanto as exportações (71,1%), quanto as importações (67,6%). A pesquisa foi realizada pela Unidade de Política Econômica da CNI entre os dias 11 e 20 junho.
Redução de 8% no consumo não afeta produção
As indústrias nacionais estimam que em média têm 8% de capacidade de redução do consumo de energia elétrica sem que haja necessidade de queda da produção para adequação às metas de racionamento. Como as metas de economia de energia foram fixadas entre 15% e 25%, a redução do consumo obrigatoriamente afetará a produção.
A pesquisa aponta que 49,1% dos entrevistados acreditam que a crise energética irá se prolongar até depois de 2002. Na outra ponta, 11,4% acreditam que a crise é um evento de curto prazo e que afetará a economia nacional até o final deste ano.
Grande parte das empresas desconhece o MAE
Os leilões que vêm sendo promovidos pelo Mercado Atacadista de Energia (MAE) permanecem uma incógnita para grande parte das empresas nacionais. Pesquisa promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 46,9% das companhias pesquisadas desconhecem esse mercado, lançado pela Câmara de Gestão da Crise de Energia (CGCE) para viabilizar a negociação de excedentes de direito de uso de eletricidade.
Somente 4,3% das empresas inquiridas responderam que pretendem recorrer ao MAE para aumentar suas metas de consumo, fixadas no plano de racionamento. Uma das razões que causou desinteresse nas empresas em relação aos leilões refere-se aos preços vigentes de energia nesse mercado. Das empresas pesquisadas, 54,2% responderam que desconhecem o funcionamento do MAE.
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