A queima de todo bagaço de cana do Brasil poderia gerar mais de 33,8 milhões de mw/h apenas com a safra 2000/2001 do produto. Segundo levantamento realizado pela União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica), uma tonelada de cana-de-açúcar é capaz de gerar 0,1 mh/h. Já um estudo realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), revela que uma tonelada do produto é capaz de gerar 260 quilos de bagaço Considerando a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que prevê a colheita e 338,4 milhões de toneladas de cana para a safra 2000/2001, e a hipótese de que todo o bagaço (87,98 milhões de toneladas) fosse destinado a produção de energia, os 33,8 mw/h não seriam difíceis de atingir.
Vale lembrar, no entanto, que parte do bagaço produzido no Brasil é destinado à produção de ração animal, enquanto que outra parcela é consumido pelas próprias usinas de cana, para a geração e consumo interno de energia elétrica. Mesmo assim, se apenas 10% de todo esse potencial fosse destinado à população, o racionamento de energia talvez não fosse necessário.
O levantamento da Unica, o estudo do Cepea e as estimativas do IBGE demonstram a capacidade que o setor sucroalcooleiro possui de gerar energia elétrica. Capacidade essa muito pouco explorada pelo governo, principalmente no que diz respeito a tecnologia existente para esse tipo de geração. O mesmo estudo do Cepea mostra que o potencial de geração do setor sucroalcooleiro, passível de ser implantado com a tecnologia atual, seria de 4.020 mw.
Além disso, a geração de energia por meio do bagaço supriria a queda na produção de energia hidráulica nos períodos de seca (período em que os reservatórios das usinas hidrelétricas estão baixos), pois é justamente nesta época do ano que ocorre a safra do setor sucroalcooleiro (maio a dezembro na região Centro-Sul), quando as usinas estão operam e geram energia.