Afirmando não desejar entrar na complexidade do problema da crise energética, que será o tema da palestra do ministro Pedro Parente, o ex-ministro da Economia, Marcílio Marques Moreira, que toma posse hoje na presidência da Associação Comercial do Rio, disse que a política energética - ou a sua não-política - é um exemplo da falta de transição dos governos brasileiros.
Segundo ele, as primeiras privatizações foram realizadas antes que houvesse aprovação do marco regulatório energético (Agência Nacional de Energia Elétrica), que não se sentiu obrigada a cumprir os contratos firmados pelos governos estaduais e federal. Marcílio disse ainda que o Ministério de Minas e Energia continua existindo sem funções reformuladas, o mesmo ocorrendo com a Eletrobrás.
O ex-ministro salientou que o processo de privatizações das principais geradoras de energia não prosperou, pois a maioria delas, na mão do estado, não recebeu investimentos. Afirmou também que, construir um ambiente de trabalho com liberdade econômica e justiça social, exige estabilidade da moeda, responsabilidade fiscal e monetária e a já anunciada e inadiável reforma tributária. "O atual sistema tributário é hoje um dos principais freios ao crescimento mais vigoroso do país. Ele onera a produção, o investimento, a folha de salários, a exportação. Ele distorce a alocação de recursos e ainda encoraja a informalidade", disse o ex-ministro.
Marcílio espera que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, presente também na solenidade, possa trazer alguma luz animadora a respeito. Ele criticou também o avanço do crime organizado em múltiplas manifestações e espera ter algum alento na exposição do ministro da Justiça, José Gregori. Também espera que o ministro Celso Lafer fale no seminário ’Sete Anos do Real: Conquistas e Desafios’, sobre o lado mais obscuro da globalização.