A Argentina pode enfrentar uma crise energética nos próximos dois ou três anos, similar à que atinge o Brasil, a não ser que o país retome o investimento na geração de eletricidade, disse um representante da indústria. “Hoje, não há problema com o abastecimento na Argentina, mas se olharmos para 2003 e 2004, nós nos preocupamos'', disse à reportagem Roberto Mejia Aravena, vice-presidente da associação das empresas geradoras de eletricidade argentina, na quarta-feira.
A demanda por energia elétrica na Argentina, que tem 36 milhões de habitantes, tem crescido nos últimos anos a uma taxa anual de 5 a 6 por cento, apesar da desaceleração econômica que já dura três anos. “A geração de eletricidade na Argentina, hoje, está em boa forma. Durante a última década, houve investimento suficiente que permitiu uma recuperação nas instalações que se deterioraram e nós tivemos uma mudança tecnológica”, disse Mejia Aravena.
Entretanto, nos anos recentes, pouca lucratividade e uma falta de contratos de longo prazo fizeram o investimento cair no setor, segundo o empresário. Em 2000, e até agora neste ano, nenhuma das 43 companhias de geração de energia que operam na Argentina apresentaram novos planos de construção. “Se olharmos para o futuro, todo aquele enorme impulso em investimentos que existiu está se desacelerando”, disse.
A falta severa de energia do Brasil, que de alguma maneira foi criada pela falta de investimento na capacidade de produção, forçou um racionamento energético, que provavelmente vai dificultar o crescimento para o próximo ano, pelo menos.