O governador de Minas Itamar Franco (PMDB) insinuou ontem que o presidente Fernando Henrique (PSDB) está guardando, em sigilo com Fundo Monetário Internacional (FMI), um plano do qual todas as medidas já anunciadas para enfrentar a iminência de apagão não passariam de "peças de uma farsa".
Ele disse que o Governo federal está jogando com regras que mudam a cada momento a vida presente e as perspectivas dos cidadãos, dos empresários e de todos os setores da sociedade. "A situação de instabilidade institucional e de insegurança social que domina o país com as mudanças de normas de condutas que o senhor presidente impõe à sociedade, causa-nos dúvida quanto ao que se está realmente passando no Governo federal", afirmou ontem, à noite, após reunião na sede da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Itamar decidiu adiar para amanhã, às 10 horas, o anúncio de seu plano para o racionamento de energia depois que FH resolveu mudar algumas regras do plano iniciado oficialmente ontem.
O governador havia anunciado que não iria dar entrevista ontem e faria um encontro fechado com técnicos da Cemig e os secretários de Governo e interino de Comunicação Social (Henrique Hargreaves), da Casa Civil (José Pedro de Oliveira) e a procuradora geral do Estado (Carmen Lúcia Antunes Rocha). Mas recuou de sua decisão e decidiu falar à imprensa, pouco antes de FHC falar em cadeia nacional, para declarar a "perplexidade e insegurança" que, segundo ele, dominam todas as camadas da população da brasileira.
Ele criticou FHC pela edição de sucessivas medidas provisórias e resoluções, algumas, segundo o governador, tão efêmeras que sequer tinham sido assimiladas pela população. "O que não parece possível, aceitável ou sequer tolerável é que a cada dia não o presidente tenha uma surpresa, mas que ele seja uma terrível e incerta surpresa para cada cidadão, impedido de programar a sua vida no momento mais imediato, por ato da administração federal, em área sensível como é a de energia elétrica", disse ontem.