O protesto dos metalúrgicos de São Paulo pelas ruas do centro da cidade não é somente contra as demissões anunciadas na fábrica de chuveiros Cardal. Eles davam como certas cerca de 1 mil contratações para os meses de junho, julho e agosto, época de pico na produção de chuveiros elétricos. O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (filiado à Força Sindical) informa que havia recebido informações de que haveria novas vagas, mas elas foram canceladas por conta do racionamento de energia elétrica e, principalmente, devido à elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o produto (de 10% para 15% para chuveiros com potência até 4 kw e de 10% para 40% para os mais potentes).
De acordo com o secretário-geral do sindicato, Eleno Bezerra, as quatro grandes do setor em São Paulo - Lorenzetti, Cardal, Fame e Duchas Corona - estão lotadas de pedidos de compra cancelados por conta do aumento do IPI e, conseqüentemente, aumento de preços.
"A Cardal pretendia contratar mais de 200 trabalhadores em junho. Não só cancelou as contratações como ameaça demitir 50." A Cardal adiou para amanhã o anúncio das 50 demissões por conta da greve dos trabalhadores iniciada às 6 horas de hoje, assim que a informação dos cortes circulou.
Na semana passada representantes do sindicato e das empresas do setor estiveram reunidos e os empresários foram muito claros, segundo Bezerra: com o aumento do IPI haverá aumento de preço do produto e queda nas vendas e o emprego de cerca de 3 mil trabalhadores está ameaçado.
Para o sindicalista, não há dúvida de que as demissões nas empresas que fabricam chuveiros são culpa do Governo Federal. "A irresponsabilidade de Brasília começou quando não se preveniu a crise energética. Estava mais do que claro que o emprego seria o maior prejudicado."