O Brasil, que vive a pior crise energética de sua história e que começou a aplicar a partir desta segunda-feira um exigente plano de racionamento para os consumidores residenciais, perde mais de 10% da energia que distribui em roubos (os chamados "gatos", ligações clandestinas) e transporte inadequado, segundo as companhias. A Eletropaulo, distribuidora que opera em São Paulo, o mais industrial estado brasileiro, perde anualmente 10% da energia que distribui: cerca de 3,5 milhões de MW/hora dos 35 milhões de MW/hora que são distribuídos, segundo informes da companhia divulgados no jornal Folha de São Paulo.
As perdas incluem a energia que é desaproveitada no transporte e, principalmente, os chamados "gatos" ou ligações ilegais que geralmente são feitas nas áreas marginais, muitas vezes bairros inteiros que não dispõem de serviços públicos regularizados.
Em 1999, havia 350.000 ligações clandestinas na área de concessão. Em 2000, o número caiu para 200.000 e a meta para este ano é que sejam regularizadas umas 50.000 adicionais, segundo Eletropaulo.
Cada usuário clandestino consome em média 250 kw por mês, consumo que se estivesse regularizado seria submetido a uma sobretaxa de 50% no plano de racionamento do Governo, que entrou em vigor esta segunda-feira para o setor residencial e que obriga 32 milhões de famílias brasileiras a reduzir 20% de seu consumo.
O roubo de energia é uma verdadeira dor de cabeça para as distribuidoras no Rio de Janeiro, que chegam a perder por esse meio até 11% da distribuição, segundo a companhia Light/EDF, que abastece 3,3 milhões de cariocas. A Cerj, outra distribuidora, que atende a 66 municípios do estado do Rio, assegurou que perde 10,8% da energia que coloca na rede, todas ligações ilegais.
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