A falta de luz vai fazer com que os trabalhadores tenham muito mais dificuldade para ver qualquer mudança nos seus contracheques. É que o racionamento de energia vai refletir diretamente sobre as mesas de negociações salariais, diminuindo reajustes e trazendo de volta propostas como bancos de horas e suspensão temporária do contrato."Isso se houver campanha salarial, porque na situação que estamos vivendo não dá nem para falar em salário. O importante é salvar os empregos", diz o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
O professor de Economia do Trabalho da Universidade de Campinas, Cláudio Dedecca, também traça um cenário bastante negativo. "A perspectiva de recuperação dos salários este ano é péssima. Os próprios sindicatos vão ter que substituir a discussão de reajuste por proteção do emprego. Não há motivos para haver nenhuma expectativa positiva", afirma.
E se está ruim hoje, vai ficar pior nos próximos meses. Ninguém tem dúvida de que os mais afetados pelo "racionamento salarial", serão os trabalhadores que têm data-base no segundo semestre, ou seja, a maioria absoluta dos assalariados brasileiros.
Praticamente todas as categorias que fecharam acordo este ano tiveram algum ganho real. Mas quem for fechar a partir de julho está lascado. Só na base da Força há cerca de cinco milhões de trabalhadores com data-base no segundo semestre, informa Paulinho.