Com a implantação do Plano Real, em 1994, pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o Brasil conquistou a estabilidade econômica, o que resultou na incorporação de novos segmentos da sociedade ao mercado consumidor. Esse novo quadro possibilitou o crescimento na aquisição de aparelhos eletrodomésticos e eletroeletrônicos, como televisões, geladeiras, fornos de microondas e microcomputadores pela população brasileira. Era o fim da chamada "década perdida", os anos 80, quando o País não ficou estagnado e o nível de consumo - que não cresceu - não causou impacto sobre a geração e o fornecimento de eletricidade. Com a retomada do crescimento, necessariamente, a demanda por energia tinha que crescer. Apesar de dispor da capacidade atual de geração de energia de 74 mil MW e só necessitar de 56 mil MW para abastecer o país, a inesxistência de linhas de trasmissão agravou o quadro do setor energético brasileiro. Hoje mais de 90% da oferta de energia brasileira é baseada na geração hidrelétrica.
Com a escassez de chuvas apresentadas nos últimos anos nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, os reservatórios das usinas diminuíram para níveis considerados abaixo dos limites de segurança.
O racionamento, então, tornou-se a única saída, já que o governo resolveu descartar os apagões, que poderiam gerar transtornos graves à segurança da população, aos hospitais e outras instituições de atuação crítica.
Ciente da gravidade da crise, o presidente Fernando Henrique Cardoso criou um grupo de trabalho responsável por elaborar um plano de racionamento que amenizasse, ao máximo, os incômodos que a falta de energia poderia trazer aos cidadãos. No dia 18 de maio, a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE), presidida pelo ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, apresentou à população as primeiras medidas do Plano de Racionamento.
Até dezembro deste ano, a sociedade deverá reduzir em 20% os gastos com energia tendo como parâmetros para comparações os meses de maio, junho e julho de 2000. Para garantir que a economia seja alcançada, a GCE criou um sistema de cotas para consumidores residenciais e industriais, além de estabelecer a cobrança de sobretaxas para consumidores que ultrapassem os 200 KWh por mês. Quem economizar mais que a meta fixada pelo governo poderá receber um bônus na conta de luz.
Quem não economizar estará sujeito a cortes no fornecimento de energia. Ainda não foi afastada a possibilidade do governo executar cortes ordenados de energia, os apagões.