A cota de 25% de racionamento para o setor químico da cloro-soda pode desequilibrar o fornecimento a outros setores da indústria. Segundo a Abiclor, entidade que agrupa os fabricantes das duas matérias-primas, os principais consumidores (indústria do PVC, farmacêutica, papel e celulose, tratamento de água e saneamento) tiveram cotas menores de racionamento e podem ficar desabastecidas. "O poliuretano usado em peças de carros usa o cloro. A indústria automobilística ficará desabastecida por ter uma cota de racionamento menor que a nossa. O mesmo ocorre com a indústria da construção civil, que utiliza o PVC", diz o diretor-executivo da Abiclor, Martim Afonso Penna. Segundo ele, a possibilidade de importação de cloro é pequena, já que a periculosidade no transporte é grande. O cloro é um gás que, em sua forma pura, é muito sensível e pode explodir.
O tratamento de água e saneamento básico, que consomem 15% da produção nacional de cloro, podem sair prejudicados. "O governo diz que não pode faltar cloro para isso. Porém, se os compradores industriais ficam desabastecidos, as empresas terão de tirar cloro de outros clientes", diz o executivo.
O PVC consome 38% do cloro produzido no País, a indústria de medicamentos e outros setores químicos consomem outros 32% e o tratamento de água fica com 12%.
No caso da soda, que tem como principal cliente a indústria de papel e celulose, também haveria desequilíbrio na distribuição de cotas. "O setor de papel e celulose racionará energia em 20%, enquanto nós teremos cortado um quarto de nossa energia. Isso causará desabastecimento", completou Penna.