Avô de Darwin chegou a defender Lamarckismo

O tema da evolução passou a ser discutido no fim do século 18. "Alguns teóricos achavam que as espécies não se transformavam, que eram sempre as mesmas. Foram criadas em algum momento e seriam assim para sempre", explica o professor de História da Ciência da Universidade de São Paulo (USP) Gildo Magalhães.

As teorias da evolução surgiram com ideias contrárias a essa, prevendo a possibilidade de mudanças nas espécies. Uma delas, apresentada pelo francês Lamarck no início do século 19, aposta na transformação de características por ações propositais de uma espécie e repassadas para a prole. O exemplo mais clássico é o do pescoço longo da girafa, um caráter que seria adquirido pelos animais ao comerem folhas das árvores mais altas e, posteriormente, repassado aos descendentes. "Essa ideia foi muito difundida. Tão difundida que saiu da França para outros países, como a Inglaterra, onde um grande defensor era o avô de (Charles) Darwin, o médico Erasmus Darwin", salienta Magalhães. Cinquenta anos depois da teoria de Lamarck, Darwin (o neto) publicou o livro A Origem das Espécies, no qual ele atribui a herança dos caracteres adquiridos ao uso e ao desuso e discute a adaptação por meio de seleção natural. Entre 1940 e 1980, o darwinismo foi considerado a única teoria aceita para explicar a evolução. A partir da década de 80, alguns trabalhos resgataram a teoria do lamarckismo. Para o professor, a retomada demonstra que o problema da evolução ainda não está definitivamente resolvido para a ciência.

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