Terror na Noruega levanta
debate sobre extremismo e religião

Os atentados na Noruega levantaram debates sobre extremismo, imigração e religião que devem aparecer nos próximos vestibulares. A violência promovida por Anders Behring Breivik, autor confesso de matar ao menos 77 pessoas em um duplo ataque no dia 22 de julho, será gancho para questões sobre geopolítica, conhecimentos gerais e até de geografia física.

"O terrorismo sempre é abordado nos vestibulares, principalmente a partir do 11 de setembro de 2011", diz Valter Pereira Appas, professor de história e geografia do curso Arquitas Vestibulares, de Santos. A definição dos ataques é um dos temas que podem ser explorados. Foi terrorismo ou um ato isolado de violência? Segundo o professor, a explosão na zona de edifícios governamentais da capital norueguesa, Oslo, e o tiroteio ocorrido poucas horas depois na ilha de Utoya foram ações terroristas, mesmo que não tenham sido realizados por militantes normalmente associados a atos de violência em nome de uma causa, como extremistas islâmicos e grupos que buscam independência do seu país de origem.

Outro tema esperado nas provas é o crescimento da xenofobia e do racismo na Europa. "O neonazismo e a extrema direita estão se instalando principalmente na Europa Ocidental", alerta o professor. Para ele, associações com o neonazismo podem ser feitas especialmente em relação às situações de discriminação do estrangeiro: "os alunos devem estudar as questões que dizem respeito à imigração para a Europa, em especial dos países da África”.

Os vestibulandos devem estar preparados também para responder a perguntas sobre o clima, posição territorial e vegetação da Noruega. A economia e perfil social do país é outro tema aguardado segundo Appas. A Noruega, por exemplo, é líder do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ranking social e econômico elaborado anualmente pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Um alerta: cuidado com a imagem de país neutro que a Noruega passa ao resto do mundo, principalmente por ser a responsável pela escolha do ganhador do Nobel da Paz, o único dos prêmios Nobel que não é entregue em Estocolmo, na Suécia. "É uma aparente contradição, mas na realidade, nenhum país é neutro, pois possui interesses que vão de encontro aos de outros", esclarece Appas. Segundo o professor, é preciso ter em mente que os territórios são atores do cenário internacional e mesmo possuem conflitos internos e que, por isso, viram alvo de atentados.