Superbactéria deve inspirar
provas de biologia

Cuidado com o surto da bactéria E. coli: ela também pode atacar no vestibular. O microorganismo considerado uma superbactéria matou mais de 35 pessoas na Europa em dois meses e será questão certa nos exames de biologia do final do ano, segundo professores de cursinhos. Para não ser surpreendido nas provas, a dica é ficar atento aos detalhes do caso e associá-lo aos conteúdos aprendidos em aula.

As questões mais comuns no vestibular envolvendo estes microorganismos abordam as estruturas presentes nas bactérias (parede bacteriana, membrana plasmática, ribossomos, cromatina) e sua organização celular (procariótica - sem membrana nuclear), além de detalhes sobre seu bioquimismo (autótrofa ou heterótrofa), revela o professor de biologia do Sistema Poliedro, de São José dos Campos, Sergio Luis Ferro. É por aí que devem começar os estudos sobre o assunto.

O professor de biologia do Cursinho do XI, de São Paulo, Eduardo Silva Leão, lembra que a E. coli já existe no organismo humano, mas sem manifestação patológica. "As pessoas normalmente já possuem essa bactéria no corpo, mas ela causa somente uma disenteria leve nos casos de baixa imunidade. Acredito que a parasitologia associada a doenças infecciosas será cobrada nas provas", afirma. O professor explica ainda que essa nova forma da E. coli possui genes de dois outros grupos de bactérias semelhantes. É essa mutação genética que transforma o microorganismo comum em fatal, pois ataca as veias urinárias.

A contaminação por bactérias resistentes aos medicamentos não é uma realidade nova. "Suspeita-se que metade das doenças humanas seja causada por bactérias", analisa Ferro. Por isso, o educador aposta na associação de casos de bactérias parasitas, sempre causadoras de doenças, com as bactérias saprofágicas (que obtêm alimento da matéria orgânica sem vida), algumas delas fundamentais à manutenção da vida no planeta. Para Leão, os casos atuais lembram a infecção pela também superbactéria KPC, que, no ano passado, chegou ao Brasil.

As carências no saneamento básico, segundo o professor Ferro, podem ser um fator de comparação dos casos europeus com o Brasil. "Não sabemos qual foi o veículo - pepinos, brotos de feijão -, mas o fato é que essas pessoas contaminadas entraram em contato com dejetos. Aqui no Brasil, a falta de saneamento básico caracteriza algumas patologias como endêmicas (número de casos dentro de um valor esperado). Podemos citar as verminoses: ascaridíase, amarelão, esquistossomose, cisticercose e as protozooses: amebíase e giardíase", constata.

As formas de contágio e os locais onde acontecem também merecem atenção. Apesar de não haver certezas, suspeita-se que a contaminação possa ter ocorrido por alimentos produzidos em uma fazenda de orgânicos. Segundo o professor Leão, a suspeita pode por em dúvida a questão da sustentabilidade. "Podem aparecer no Enem questões que põem a agroindústria e a mecanização em choque com a produção orgânica em pequena escala", sugere.