Iniciada em 1950 e finalizada nos anos 1990, a drenagem dos pântanos mesopotâmicos no Iraque e no Irã destruiu grande parte da biodiversidade da região. No primeiro momento, a ideia era secar as terras para aproveitá-las para a agricultura. No entanto, com a desculpa de que as áreas inundadas pelos rios Tigres e Eufrates serviam de esconderijo para os opositores do regime ditatorial de Saddam Hussein, o governante ordenou a retirada das águas do sistema.
A cadeia, que cobria inicialmente 20 mil quilômetros quadrados, foi reduzida a 10% até 2003, data da invasão americana. Dos três pântanos originalmente existentes, dois foram enxugados por completo e o terceiro está muito perto disso. Os árabes do pântano, que eram cerca de meio milhão de pessoas em 1950, hoje são cerca de 20 mil no Iraque, de acordo com as Nações Unidas. Estima-se que de 80 mil a 120 mil de pessoas foram para campos de refugiados no Irã.
Um processo semelhante ocorreu no mar de Aral, lago de água salgada localizado na Ásia Central entre o Cazaquistão e o Uzbequistão. Anteriormente o quarto maior lago do mundo, o mar de Aral foi reduzido em 90% em nove décadas. A desertificação começou em 1920, quando o governo soviético quis se aproveitar dos rios que alimentavam os 1,1 mil quilômetros cúbicos de água para irrigar a agricultura. O projeto deu certo e o Uzbequistão se tornou o terceiro maior exportador de algodão do mundo. No entanto, entre os anos de 1961 e 1970, o nível do mar era enxugado cerca de 20 cm por ano. Por isso, a concentração de sal da água ficou cinco vezes mais alta e acabou com a economia pesqueira da região.
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