Todas as tentativas russas de resgate da tripulação do submarino Kursk, encalhado desde sábado no fundo do mar de Barents, fracassaram até o momento. Nesta madrugada, as equipes de resgate tentaram enviar quatro mini-cápsulas ao Kursk, porém as correntes e a falta de visibilidade dificultaram a operação. Uma das cápsulas conseguiu pousar, pela primeira vez, sobre a escotilha de saída de emergência do submarino, mas não se conectou, devido às correntes e a uma deformidade na superfície do submarino.Sismógrafos de vários países detectaram duas explosões na área em que submarino nuclear russo Kursk afundou. Uma delas registrou 3,47 graus na escala Richter, o equivalente a explosão de duas toneladas de dinamite. A informação foi divulgada pela rede de televisão americana ABC, que cita especialistas do Canadá, da Alemanha e do Alasca.
A marinha russa apostava na teoria de que o submarino havia se chocado contra outro submarino, provavelmente americano. Mas, após a análise de um vídeo mostrando imagens da proa do submarino seriamente danificada, acabou admitindo a ocorrência de uma explosão.
Rombo na proa - No vídeo, aparece um rombo na proa do submarino, por onde teria entrado um grande volume de água. As autoridades russas reconheceram que a maior parte da tripulação estava provavelmente nos compartimentos mais afetados pela explosão. Um especialista britânico declarou, depois de analisar as imagens, que até 70% dos 118 homens a bordo podem ter morrido.
Críticas - O governo russo vem sendo acusado de sonegar informações e de não ter se empenhado o suficiente no resgate dos marinheiros. O jornal russo Komsomolskaya Pravda publicou hoje uma lista com os nomes dos marinheiros e oficiais presos no submarino. Funcionários da marinha cobraram US$ 650 pela lista, o que revoltou a opinião pública e os familiares das vítimas. Segundo eles, a lista deveria ter sido divulgada de forma oficial pela marinha e não vazado a um jornal.
A opinião pública e a imprensa russa criticam também a falta de ação do presidente russo, Vladimir Putin, que não interrompeu suas férias para tratar do acidente. Para o jornal Izvestia, o Kursk deveria ter se tornado desde o primeiro minuto uma obsessão, não só da equipe de socorro, como de todo Estado. Putin se defendeu, declarando que logo que soube do acidente pensou em voar imediatamente ao local, mas que depois concluiu que seria melhor deixar as equipes especializadas fazerem o seu trabalho.
Última esperança - A última esperança de resgate agora é a chegada do minissubmarino britânico de alta tecnologia LR5, que deverá alcançar o Kursk no sábado. Os representantes britânicos se mostram otimistas sobre as possibilidades técnicas da missão. "Temos cada vez mais confiança na compatibilidade entre nossa escotilha e a do submarino russo", disse o comandante Tim Chittenden, da Royal Navy Submarine Rescue.
O minissubmarino inglês nunca foi usado em situações reais, mas foi criado especialmente para resgates de emergência no fundo do mar. Ele navega como uma espécie de helicóptero subaquático. Depois de ser acoplado ao submarino, o LR5 tentará igualar a pressão entre as duas cabines. A diferença de pressão é o maior problema no resgate de um submarino. O LR5 transporta 15 pessoas de cada vez. A missão de resgatar mais de cem tripulantes poderá levar 15 horas.
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