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Pesquisa do genoma abre porta a tratamentos revolucionários

Terça, 27 de junho de 2000, 01h43min
Está aberta a porta para tratamentos revolucionários. A medicina do futuro poderá ser totalmente diferente. Graças à genética, o século 21 traz a perspectiva de a humanidade se livrar de 3 mil a 4 mil doenças de origem hereditária, que até agora não eram detectáveis porque não havia o mapeamento.

Em alguns anos, as doenças não serão mais diagnosticadas pelos órgãos nos quais se exprimem, mas diretamente na bagagem hereditária da pessoa, e serão tratadas e curadas antes mesmo de se manifestarem.

Quando uma criança nascer, será possível traçar seu mapa genético e conhecer os males que ela estará predisposta a contrair durante a vida. Doenças degenerativas, como o mal de Alzheimer e o mal de Parkinson, e até cardíacas serão tratadas pela remoção ou alteração do gene ou da proteína que produz a enfermidade. Outras serão evitadas com tratamentos preventivos: se uma pessoa souber que suas chances de ter câncer de pulmão são maiores do que a média, poderá evitar o cigarro.

Uma vez descobertos os sistemas biológicos do envelhecimento, por exemplo, será apenas uma questão técnica de segunda ordem prolongar a vida para 120 anos ou talvez mais. Muitos acreditam que até a imortalidade seja possível – pelo menos teoricamente.

Vida longa - No genoma humano encontram-se, entre outras coisas, os elementos que determinam nosso envelhecimento e morte, assim como boa parte dos segredos que tornam certas pessoas mais suscetíveis que outras a algumas doenças. Por isso, decifrar o significado da imensa massa de informações é agora a grande tarefa (apenas iniciada) dos pesquisadores.

Concluir este trabalho será revolucionar as possibilidades na área de prevenção e diagnóstico precoce de enfermidades. Doenças com causa genética poderão vir a ser tratadas diretamente na raiz, no nível molecular. Será possível detectar, no nascimento, a quais doenças a pessoa é mais vulnerável. E mais: iniciar um tratamento capaz de estender a expectativa de vida além do que já se considerou possível.

A cada ano morrem, só nos EUA, 100 mil pessoas por efeitos não desejados de remédios, que não eram apropriados para sua configuração genética. Com o mapeamento do genoma humano essa situação “tende a mudar”, na opinião de alguns pesquisadores. “Dentro de cinco anos será possível submeter os pacientes a testes gentéticos antes de prescrever qualquer tipo de medicamento.”

O trabalho que resta pela frente, entretanto, é colossal. “Para identificar todos os genes contidos nesse material levaremos ao menos cinco anos e mais um século para conhecer as funções exatas de cada gene e a estrutura de cada proteína que codificam”, calcula Andrew Simpson, diretor do Projeto Genoma brasileiro. Além de corrigir os erros e lacunas desse primeiro rascunho do DNA humano, os cientistas têm de identificar onde estão os segmentos relevantes. Cada um dos 3,5 bilhões de nucleotídeos constitui um dos “degraus” do DNA (ácido desoxirribonuclêico) humano, que tem a forma de uma escada retorcida em espiral. Os degraus foram quase todos ordenados (seqüenciados), mas resta descobrir onde começa e onde termina cada um dos cerca de 80 mil genes que contêm a receita para a síntese dos milhares de proteínas que formam o ser humano.

O problema é que apenas entre 3% e 5% de todo nosso material genético é constituída de genes. O restante tem funções secundárias ou é apenas resíduo evolutivo. Mais complicado ainda: segmentos desse resíduo encontram-se não só entre os genes como intercalados com segmentos de um mesmo gene (exons). Uma vez separado o trigo do joio restará ainda descobrir a função exata de cada gene. Até o momento foram identificados apenas cerca de 11 mil dos 80 mil genes que se estima formam o genoma humano, sendo que são conhecidas algumas funções apenas de metade deles. Somente dois dos 23 pares de cromossomos humanos já estão totalmente seqüenciados.

Feito isso, caberá descobrir onde estão escritas as ordens que determinam que apenas alguns genes se manifestem em cada um dos nossos tecidos, uma vez que a maioria das tão diversas células humanas possui o genoma completo. Restará ainda também desvendar o que determina que um mesmo gene ora se expresse com todos os seus fragmentos (os introns), ora apenas com parte deles, fazendo com que a maioria dos genes seja capaz de sintetizar mais de uma proteína. Por último, a gigantesca tarefa de conhecer a forma e função exata de cada uma delas.

Cura do câncer - Os cientistas britânicos envolvidos no Projeto Genoma acreditam que o mapeamento do DNA humano pode ter um impacto profundo na batalha contra o câncer – uma das doenças que mais matam em todo o mundo. O estudo dos genes humanos premitirá aos cientistas assinalar as causas e o melhor tratamento contra um determinado tipo de câncer. “Para mim, seria inconcebível que isso ocorresse antes de 20 ou 30 anos”, afirmou o diretor do projeto britânico Genoma Câncer, do instituto Sangre Centre, Mike Stratton.

“É preciso lembrar que o câncer é uma doença do DNA, principalmente”, explicou Stratton, que foi um dos pesquisadores que identificou o gene que produz o câncer de mama.

Os cientistas vão comparar agora os genes de células cancerosas para procurar a diferença entre genes com câncer e genes normais.

Os resultados da equipe do doutor Stratton poderão eliminar de quase 200 tipos de câncer e 20 genes anormais, começando pelos mais mortais, como o do pulmão, próstata, ovário e cólo. “Este é um momento de grande esperança”, suspirou o cientista.

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Zero Hora/Agência RBS

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