(atualizado às 10h) O partido no poder em Zimbábue, ZANU-PF, manteve nesta terça-feira por pequena margem sua maioria parlamentar depois das eleições legislativas do último final de semana, graças ao apoio dos novos 30 deputados nomeados pelo presidente Robert Mugabe.
Segundo resultados definitivos anunciados pela Direção eleitoral, a União Nacional Africana de Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF, sigla inglesa - no poder) obteve 62 cadeiras de um total de 120.O ZANU-PF foi seguido muito de perto pelo partido oposicionista Movimento para o Câmbio Democrático (MCD), de Morgan Tsvangirai, que ganhou 57 cadeiras, um verdadeiro recorde para a oposição, e pelo ZANU-Ndonga, que conseguiu somente um representante.
Trinta deputados são nomeados por Mugabe, em vista de uma Constituição que foi emendada 16 vezes desde a independência em 1980 para tornar mais sólido e duradouro seu poder.
Com esta entrada importante de um partido da oposição no Parlamento desde a independência da ex-colônia britânica, será, a partir de agora, difícil para o presidente modificar a Constituição.
Com efeito, as emendas constitucionais exigem os dois terços de votos dos 150 parlamentares e a oposição, com seus 59 representantes, pode bloquear toda pretensão nesse sentido. Mas o chefe de Estado mantém a prerrogativa de formar seu governo.
O presidente do ZANU-PF, John Nkomo, já afirmou no domingo que "seja qual for o resultado das eleições", a equipe governamental sairá do partido no poder.
O líder do MCD, Morgan Tsvangirai, anunciou hoje que se apresentará para a eleição presidencial de 2002. "Desafiarei o presidente Mugabe se decidir candidatar-se", afirmou.
O MCD, apoiado pelos intelectuais, empregados sindicais e também pelos brancos, se impôs principalmente nas zonas urbanas.
Mas os resultados nas zonas rurais não tiveram a mesma importância. O ZANU-PF e os ex-combatentes da guerra da independência, que lançaram em fevereiro o movimento de ocupação de 1,5 mil fazendas de brancos, fizeram uma campanha de terror contra a oposição.
Pelo menos 32 pessoas foram mortas, em sua maioria oposicionistas, e centenas de outras foram feridas desde fevereiro.
Por sua parte, o secretário britânico do Foreign Office, Robin Cook, pediu hoje ao presidente Robert Mugabe que "reconheça a forte vontade popular de mudança", em conseqüência da considerável ascensão oposicionista nas eleições do último final de semana.
Ontem, em seu informe preliminar, os observadores da União Européia (UE) estimaram que as eleições em Zimbábue não foram nem livres, nem honestas.
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