O ex-general golpista paraguaio Lino Oviedo conseguiu uma cela individual durante sua prisão no país, como tinha sido pedido por seu advogado, que alegou temer um atentado contra sua vida, disse nesta segunda-feira (26) o Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-general, porém, que aguarda um processo de extradição no Paraguai sob acusações de assassinato, não viu cumprida sua petição de ser trasladado a um quartel da polícia militar em Brasília. "O que fizeram foi tirar os outros que estavam detidos com ele na cela na sede da Polícia Federal", explicou uma porta-voz do STF.
O advogado de Oviedo, Luiz Eduardo Roriz, apresentou um recurso há duas semanas para que o ex-general fosse removido da cela no quartel da Polícia Federal de Brasília onde está detido desde 12 de junho por considerar que não estava seguro no recinto, dividido com outras três pessoas. Oviedo compartilhava a cela com dois brasileiros acusados de narcotráfico e um alemão acusado de assassinato.
A mulher de Oviedo também pediu que ele fosse transferido, dizendo que no Paraguai o ex-general está com a cabeça a prêmio. O ex-general está aguardando um processo de extradição para o Paraguai, onde enfrenta acusações pelo assassinato do vice-presidente Luis Maria Argaña em março de 1999 e de oito manifestantes na violência política que seguiu-se ao assassinato.
Oviedo já foi condenado a 10 anos de prisão no Paraguai pela tentativa de golpe de Estado frustrada em março de 1996 contra o então presidente, Juan Carlos Wasmosy.
O magistrado encarregado do caso Oviedo, Maurício Corrêa, encaminhou a decisão de transferir o ex-militar paraguaio a outro recinto depois de consultar o ministro da Defesa, Geraldo Quintero. O juiz pediu informações a Quintero sobre a possibilidade de transferir Oviedo para alguma instalação das três forças armadas.
"Se o ministro chegar à conclusão de que ele sofre perigo de vida, sim, seria possível transferi-lo para uma unidade da marinha, do exército ou da força aérea", disse a fonte da Justiça. A situação de Oviedo complicou-se no país na semana passada, quando foi acusado por deputados brasileiros de estar ligado a uma rede de tráfico de armas e drogas desde o Paraguai.