Pela primeira vez durante sua campanha, o candidato governista à presidência, Francisco Labastida, valeu-se nesta segunda-feira (26) da bandeira nacionalista para atacar seu principal adversário nas eleições de 2 de julho, Vicente Fox, por ser filho de estrangeiro. Na semana passada, Fox chegou a insinuar que Labastida era homossexual, e as últimas pesquisas divulgadas sobre o pleito indicaram um "empate técnico" entre os dois candidatos.
Por sua vez Labastida, do governante Partido Revolucionário Institucional (PRI) qualificou nesta segunda-feira de "erro histórico" a modificação, em 1997, do artigo 82 da Constituição que até então proibia que filhos de pai ou mãe estrangeira se candidatassem à presidência.
O empresário fabricante de sapatos Vicente Fox é filho de mãe espanhola e se beneficiou desta mudança na Carta Magna para lançar sua candidatura sobre a qual também pesam acusações de ter recebido financiamento do exterior, o que é proibido pela Constituição mexicana.
Em seu ataque desta segunda-feira a Fox, o candidato do PRI disse que a emenda ao artigo 82 permitiu que "de repente" chegassem ao México os "novos crioulos, com a mesma visão dos antigos".(Durante a colonização, os crioulos, filhos de espanhóis com indígenas, eram a classe privilegiada).
Em 2 de julho, cerca de 59 milhões de mexicanos estão convocados a votar para escolher um presidente, 500 deputados, 128 senadores, três governadores e legisladores e prefeitos de dez estados e da capital mexicana.
A importância do pleito tem sido destacada pela Igreja Católica, que em todos os sermões de domingo passado destacou a necessidade de os eleitores irem às urnas. Na diocese de Mexicali, no estado da Baixa Califórnia, o bispo Isidro Guerrero chegou a considerar "pecado grave" não exercer o direito de voto no próximo domingo.
No estado de Veracruz, o arcebispo de Xalapa, Sergio Obeso Rivera, exortou o Instituto Federal Eleitoral (IFE), que organiza a votação, a "garantir, com seu profissionalismo, eleições limpas e transparentes". E o bispo auxiliar da cidade do México, monsenhor Jesús Martínez Cepeda, convocou os eleitores a votar livremente, "sem dar guarida a medos induzidos ou pressões individuais e corporativas".