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O tal do relógio biológico

Ao mencionar o tema "gravidez tardia", a ginecologista Lucila Evangelista recorda que, nos livros antigos de medicina, as recomendações gerais eram que a mulher tivesse o primeiro filho até os 25 anos.

Ela provoca suas pacientes com uma sentença preocupante para quem pretende se lançar na maternidade tardiamente. "Tudo o que você economizou trabalhando e se especializando vai acabar gastando na clínica de reprodução humana. Algumas mulheres optam por engravidar em idade próxima dos 40 anos, mas não se dão conta de que, nessa idade, já estão perto da menopausa."

Embora concorde que o cenário tenha mudado e hoje a maternidade exige um pouco mais de planejamento, a profissional defende que este assunto seja resolvido mais cedo. "Ter filho depois dos 30 é mais complicado porque a taxa de infertilidade aumenta, além da maior incidência da endometriose e o aparecimento de miomas. Além disso, o óvulo envelhece, perde a qualidade. Não é como o homem que a cada 60 dias renova o seu estoque de espermatozoides", enfatiza.

Por outro lado, a ginecologista e obstetra Daniela vê alguns pontos positivos na decisão pela gravidez tardia. "O fato de ela estar mais madura faz com que a experiência como mãe seja melhor. As mulheres mais velhas também tendem a levar mais a sério o pré-natal, se preocupam mais com a alimentação e em manter o peso". Entretanto, a doutora lembra que o fato aumenta a chance de problemas genéticos do bebê.

Foto: Getty Images