A TELEVISÃO E O FUTURO DO BRASIL
por Zé da Flauta [músico e produtor]


Nesse momento que se discute o uso da TV no Brasil, eu, como cidadão e telespectador, também quero expressar minha opinião sobre o assunto, que ao meu ver é muito sério e complexo.

Será que a TV vem cumprindo sua função social como agente educador, informador e transformador? Claro que não. Ela vem cumprindo muito bem sua função de caçar audiência através da baixaria, do baixo nível e do mau gosto. A maior audiência que a TV brasileira conseguiu ultimamente foi na justiça e abriu a chance de discutirmos sua desastrosa programação. Um dia de domingo na frente de uma TV é uma tortura que não desejo a ninguém.

O problema em questão atualmente não deveria ser o da criança na televisão e sim o da criança que está na frente da televisão, pois o que elas assistem não tem o menor nível ético ou cultural, é só para formar analfabetos, ignorantes e retardados mentais. Só pra dar um exemplo: Tão lembrado do concurso da substituta da Carla Perez? Meu Deus! As meninas correram às farmácias, oxigenaram os cabelos, mostraram o bumbum na TV pra todo mundo sonhando conseguir a vaga da musa das louras burras e rebolar num grupo de pagode sem nenhum valor musical ou poético e um dia, quem sabe, chegar ao auge da fama posando para Playboy.

A TV é um instrumento poderoso de dominação e de alienação, que rouba o convívio da família, determina modas e costumes e busca, pela mediocridade, o telespectador que a liga para se divertir. É uma pena que ela tenha ultrapassado o limite da liberdade em detrimento da formação da ética. É a estética da superficialidade, da cultura inútil.

O público tem que decobrir seu poder de interferir. Poderíamos ter escolas de TV para formar profissionais de mentalidade contemporânea. Tem muitos jovens no Brasil com essa vontade, sem ter onde estudar, só restando pra eles o estágio em produtoras independentes que realmente busca esse objetivo, às vezes com muito sucesso ou então, irem estudar nos EUA. Aí, sabe o que acontece? Os que se destacam nesses cursos ficam por lá mesmo, pelas oportunidades, pela estabilidade, estímulos e incentivos e lá se foi mais um bom profissional para o exterior.

Com a popularização da TV, o nível dos programas foram caindo. Hoje todo mundo tem o aparelho em casa. É comum, quando viajo ao interior, ver casas de sapé na beira das estradas com uma antena parabólica. O povão compra a TV antes do filtro de barro e do vaso sanitário. E então? Como fazer uma programação que agrade a todos. A classe média e rica já aderiu a TV A CABO e as TVS convencionais baixaram mais ainda o nível de suas programações.

A TV no Brasil acumulou ao longo dos anos um poder de influência jamais visto em outro lugar do planeta, chega a eleger e destituir presidentes e outros políticos, acabar com nossa música, rebaixar nossa arte, achatar a imprensa, distorcer nossa cultura e, aos poucos acabar com a nossa língua. Devemos todos nos pronunciar diante desses fatos, aproveitar a brecha que se abriu, pois somos o que mais interessa a TV, os telespectadores.



Até a próxima!


 

 

Outras matérias
Se você que ainda não leu as outras matérias, do sempre bem humorado Zé da Flauta, elas estão aqui:

Forrobodologia

Liverpool na história do Frevo

A Força da Comunicação do Rap

A capital dos festivais

A riqueza rítmica de Pernambuco

Demos

Você realmente sabe o que é o Forró?

O pífano

• "Eu vou tomando tudo até a última concha!"