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A morte de Chico Science é um daqueles episódios difíceis de serem assimilados pela razão devido a uma série de fatores. Além de representar uma grande perda para a cultura musical, as circunstâncias em que ela aconteceu se constitui num absurdo se considerarmos a disciplina que costumava se impor. Consciente de que ainda tinha muito o que fazer e mostrar como artista, ele chegou a abdicar de várias coisas que os jovens gostam de fazer. Era comum, por exemplo, não tomar sequer um gole de cerveja nos dias que precediam aos shows que realizou em várias partes do mundo. E era nos shows que ele mostrava plenamente a sua riqueza e grandeza artística. Original na música, no ritmo, na poesia e nos discos que gravou - influenciando toda uma geração de músicos no Brasil e no Exterior -, era no palco, no entanto, que Chico Science transmitia uma energia e uma pulsação ímpares, aliadas a um imenso carisma e um talento especial para se comunicar com o público. Falo isso com a maior convicção, pois tive a oportunidade de, como produtor, trabalhar com ele em studio (gravamos dois jingles) e, como músico, participar de algumas apresentações.  Três anos depois de sua trágica morte, a presença de Chico continua soberana, como provam as homenagens que vem recebendo em todo o mundo, e é por demais animador constatar que o Nação Zumbi - grupo com o qual desenvolveu toda uma estética revolucionária - continua "a mais de mil", como se o espírito de Chico continuasse bem presente e realizando uma parceria cheia de futuro.
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