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GameCube, PlayStation2 ou Xbox?

Com a chegada dos 3 consoles de jogos da nova geração no mercado e a briga será feia e sangrenta. Qual console comprar?

Agora sim, já temos 3 consoles de jogos da nova geração no mercado e a briga será feia e sangrenta. Bom por um lado, pois os preços caem e o produtos melhoram mas será mais difícil escolher qual console comprar. É muita coisa para levar em conta. Além do preço, qualidade, quantidade de jogos e para piorar comparar os consoles pelas características técnicas é quase impossível pois não existe um padrão na hora de mostrar informações.

Dificuldade De Comparação

Carne nova no pedaço, sai a Sega e entra a Microsoft, com pouca experiência mas muito dinheiro em um mercado que considera estratégico e muito importante para seu futuro.

Seria no mínimo leviano tentar dizer quem vai vencer essa guerra ou qual o melhor console para esta ou aquela pessoa. Esta matéria tenta amenizar um pouco este problema procurando os pontos que são realmente importantes para o usuário final, para que você mesmo tire suas próprias conclusões.

Quantidade de Jogos

O que os desenvolvedores procuram na hora de escolher um console para lançar seus jogos? Várias coisas, mas principalmente o seguinte: base instalada, resultado de vendas e facilidade para desenvolver.

Base instalada

Dificilmente uma casa vai ter mais de um console. Assim, quanto mais consoles vendidos, maior o número de clientes em potencial e maiores serão as chances do console se consolidar no mercado e expandir sua liderança no futuro.

Uma pesquisa feita entre grandes revendedores de brinquedos dos EUA revelou que as apostas para este Natal estão no PS2, seguidos pelo GameCube e por último o Xbox. A vantagem da Sony está em ter lançado seu console mais de um ano antes da Microsoft e da Nintendo, conseguindo vender até o momento mais de 20 milhões de PlayStation 2, cerca de 8,55 milhões nos EUA, 6,86 milhões no Japão e 4,63 na Europa.

Vendas de jogos

Novamente a Sony leva vantagem. Alguns títulos já atingiram ótimas marcas, como Onimusha e Gran Turismo 3, com mais de 1 milhão de cópias vendidas e o já consagrado Final Fantasy X com quase 2 milhões. Claro que estes números devem ser lidos com cuidado, pois o PS2 é o único console dessa geração com tempo o suficiente no mercado para ter vendido jogos nestas quantidades. Mas se algum console não conseguir bons números comparativos nas vendas de jogos no início, muitas produtoras deixarão de fazer títulos novos ou apostar nele. Isso cria um ciclo vicioso do tipo "Não tem jogos porque vende pouco e vende pouco porque não tem jogos". Olhando desta forma, o fato de chegar mais cedo no mercado dá à Sony uma vantagem que deve ser levada em conta a seu favor na hora da comparação.

PlayStation 2
Facilidade para desenvolver

Aqui a Sony perde feio, o desenvolvimento de jogos para o PS2 é mais difícil e o custo do kit de desenvolvimento é alto. A versão light do kit é mais barata, mas tecnicamente é complicado desenvolver para PS2.



O GameCube é mais fácil para programar que o PS2, mas o Xbox leva a maior vantagem, pois sua API é muito parecida com a do Windows. E fácil para desenvolvedores acostumados com a API Win32 adptarem-se ao Xbox e bastante simples adaptar para o console jogos produzidos para Windows. Alguns especialistas acham que esta vantagem pode sair pela culatra, pois a facilidade de adaptação de jogos produzidos para Windows pode deixar o Xbox com cara de um computador feito para jogos e não um console. Se isso acontecer, as vendas de Xbox podem cair pois quem tem computador não vai comprar outro só para jogos. Além disso, todos os especialistas garantem que o usuário de console é bem diferente do usuário de games para PC. São públicos diferentes, com gostos diferentes e um jogo que vende bem para Windows não necessariamente vai vender bem em sua versão para console.

O PlayStation 2 tem mais dois pontos a seu favor, o primeiro é já ter muitos jogos disponíveis e o segundo, não menos importante, é que todos os jogos do PlayStation original (conhecido como PSX) funcionam no PS2. A qualidade não é a mesma, mas o número de jogos para PSX não pode ser desprezado. Talvez seja por estes indícios que uma produtora do porte da 3D0 (Army Men) anunciou que não vai produzir games para o Xbox. Apesar de todos esses pontos contra a Microsoft, não podemos ignorar sua força e sua agressividade. A Microsoft tem ótimo desempenho histórico ao entrar em novos mercados e, como já foi comentado, encara o mercado de jogos como estratégico a ponto de estar disposta a assumir um prejuízo entre 1 a 5 bilhões de dólares ao longo dos próximos 3 anos.

Não podemos esquecer também que apesar de gigantes como a Philips terem falhado no passado, a própria Sony, que hoje domina o mercado, foi recebida com muito pessimismo porque ninguém acreditava que ela poderia bater a Nintendo ou a Sega.

A Microsoft também está investindo pesado na produção de jogos, comprando desenvolvedores menores como a Digital Anvil (Wing Commander), Bungie (Halo e Oni), FASA Interactive (MechWarrior) e Access Software (Links).

E falando nisso, o relacionamento com desenvolvedores sempre foi um ponto fraco da Sony e da Nintendo. A Microsoft está tendo bastante cuidado para fechar parcerias com os grandes desenvolvedores. Até agora já conseguiu acordo com nomes de peso como Infogrames, Eidos, Activision, Acclaim Entertainment e até mesmo com a gigante Eletronic Arts, cujo faturamente é maior que o dobro do seu concorrente mais próximo.

Esse é um ótimo começo, mas a Microsoft vai precisar de muito empenho para chegar perto do número de jogos que o PlayStation tem a seu favor. E a questão não envolve somente desenvolvedores, mas também a capacidade da própria empresa de gerar bons títulos. A Sony produz algo entre 25% a 35% dos jogos para o seu console. Segundo a Microsoft, sua porcentagem deverá ser similar. Não precisa dizer que neste ponto a Nintendo leva larga vantagem, chegando a produzir entre 60 a 80% dos seus títulos.


Os Melhores Jogos

Se você não está preocupado com quantidade de jogos mas sim com os melhores jogos vai ter boas opções em todos consoles. Os três tem ótima qualidade é já garantiram não só títulos já famosos mas também jogos novos bastante impressionantes.

Apesar do Xbox conseguir a marca de 125 milhões de polígonos por segundo, duas vezes mais que o PS2 (66 milhões) e dez vezes mais que o GameCube (12 milhões), ele não convenceu especialistas e usuários que a qualidade gráfica dos seus jogos será muito melhor que a de seus concorrentes, como a Microsoft fez questão de divulgar. Essa impressão foi unânime no final da E3 (a mair importante feira especializada em games) deste ano. Ficou claro que mesmo que o Xbox tenha jogos graficamente melhores, a diferença não será sensível o suficiente para influenciar na decisão de compra, trazendo à tona novamente a idéia que os jogos de Xbox serão jogos de PC melhorados.

A razão é simples. Os números divulgados demostram a capacidade teórica e não prática dos consoles. O GameCube foi o único que apresentou números realistas. Testes práticos com o PS2 durante um jogo mostraram um número entre 2 e 5 milhões de polígonos por segundo. Apesar dos próximos jogos serem capazes de melhorar essa marca, o número mostra bem a diferença entre teoria e realidade.

Xbox



É claro que a qualidade gráfica é apenas um ponto para produzir um bom game. Só quando uma produtora consegue amarrar todos os outros pontos acaba criando jogos campeões de vendas em suas categorias. Se você está atrás de um desses títulos, vale a pena pesquisar para ver em qual console ele deve sair. Normalmente os jogos são lançados para um console primeiro, e em alguns casos apenas para um console. Além de acordos em dinheiro, isso acontece principalmente porque alguns personagens ou games foram criados pela própria empresa que produz o console. A Nintendo é mestre em lançar personagens vitoriosos para o mercado mais jovem como Mario, Donkey Kong, Zelda e o lucrativo Pokémon.

Pirataria

Pirataria pode? Poder não pode, mas não adianta negar, este quesito também é importante para o usuário final. Mesmo gamers mais honestos gostam de testar um jogo antes de desembolsar até R$ 250 na compra do original, pois ao contrário dos EUA, aqui é quase impossível colocar a mão em uma versão de demonstração.

A Nintendo finalmente desistiu dos cartuchos. Cartucho é feio, caro, antiquado. Na verdade, o cartucho tem a vantagem da leitura imediata durante o jogo e é mais difícil de piratear. Mas são chatos de guardar e transportar sem contar que os DVDs conseguem armazenar muito mais informação. Os cartuchos também são bem mais lentos para produzir, o que dificulta bastante os prazos de entregas das produtoras.

GameCube



Pelo menos no eixo Rio-SP, é bem fácil crackear e comprar jogos piratas para PS2, inclusive o crack de região para o DVD. Em breve o Xbox deverá entrar na mesma festa. A dúvida fica apenas em relação ao GameCube que usa um formato proprietário da Nintendo. Isto deve dificultar um pouco a pirataria, mas não deve demorar muito para vermos os primeiros games piratas de GameCube aparecerem.

Marca, Fidelidade, Futuro

Posicionar a marca como empresa de games é importante também, não para causar mais inveja no vizinho ou colega de trabalho do usuário, mas na consolidação do console no mercado.

A Nintendo e a Sony já estão bem estabelecidas neste mercado, a Microsoft está entrando agora e seu histórico e poder não garantem que ela terá sucesso. Um desempenho ruim pode ser tão humilhante quanto o fracasso do Michael Jordan como jogador de baseball.

O mercado de games é extremamente competitivo e bem diferente do mercado de software onde a Microsoft se acostumou a estar em uma posição confortável. Mesmo assim, ela não parece estar usando nenhuma tática nova, apenas investindo muito dinheiro, assumindo prejuízos e sendo rígida nas negociações e contratos. Resta saber se isso vai funcionar em um mercado maduro e competindo com empresas de porte como a Sony e a Nintendo, ambas muito fortes nos EUA, no resto do mundo e principalmente no estratégico mercado japonês. Ponto negativo para a Microsoft que terá dificuldades para brigar em território inimigo, principalmente se não existir espaço para um terceiro big player, justificativa dos especialistas para a saída da Sega do mercado de consoles.

Os mesmos especialistas apontam outro risco na operação da Microsoft. O Xbox é um mini-PC com um ótimo processador e uma maravilhosa placa gráfica a um preço ridículo comparado a um PC tradicional. Como programar para o Xbox é muito simples, não vai ser difícil produzir um browser e transformá-lo em um ótimo Network Computer.

Não deveria parecer um risco visto que a Sony até fez alianças com empresas como como Macromedia, RealNetworks, AOL e até Cisco, mas se isso acontecer a Microsoft vai acabar patrocinando tudo o que não queria, amargando um prejuízo de US$ 100 por console vendido sem necessariamente ganhar marketshare no mercado de games.

Quando a Microsoft anunciou sua verba de marketing, muita gente na imprensa ligada a software tradicional ficou espantada com o valor grandioso de US 500 milhões. Mas o fato é que este número pode ser grande para o mercado de software, mas não é grande para o de games. Desta quantia, a Microsoft pretende gastar US$ 110 milhões para divulgar o Xbox no mercado americano, pouco mais que a Nintendo, que deve gastar cerca de US$ 75 milhões com o GameCube e bem menos que a Sony que deve torrar US$ 250 milhões dividos entre seus dois consoles, o PSX e o PlayStation 2.

Periféricos e características técnicas

A comparação técnica nunca é fácil quando se trata de consoles, cada empresa faz testes e divulga resultados de uma maneira diferente e você acaba comparando maçãs com bananas. Um ótimo exemplo dessa bagunça é a velocidade do processador, medida em MHz, uma comparação que só seria correta se os processadores fossem iguais. A bagunça é maior porque os detalhes também não são claros. Eu, que acompanho esse mercado e fiz bastante pesquisa para escrever essa matéria, ainda tenho dúvidas em alguns pontos. Parece que as três empresas fazem de propósito, para o consumidor não conseguir comparar um console com outro.

O hardware não é nada sem o software mas se levarmos em conta somente as características técnicas é possível escolher um ganhador: o Xbox. Em termos gerais, é possível dizer que o Xbox é um console mais completo que seus concorrentes, não só porque é o único a sair de fábrica com disco rígido e pronto para jogos online mas também por ter uma maior quantidade de canais de áudio (o GameCube não tem nem saida digital de áudio) e capacidade para resoluções maiores que os outros.

Na hora da mancada, todo mundo compareceu, mudando datas de lançamento, atrasando a entrega do kit de desenvolvimento e do próprio console, entregando menos aparelhos que o prometido ou até vendendo produto com defeito. Até agora, os defeitos mais graves apareceram no PS2, onde alguns consoles apresentaram problemas no leitor de CD/DVD.

Apesar de ter ficado feio, tanto a Sony quanto a Microsoft conseguiram fazer com que as produtoras assumissem os erros de consoles que travavam durante o jogo. No PS2 aconteceu com o Metal Gear Demo da Konami e no Xbox com o Halo da Bungie, que hoje pertence a própria Microsoft. A primeira vez que o Xbox travou em público foi durante uma apresentação na E3, mas de lá pra cá tudo indica que os jogos melhoraram muito apesar da demora da versão final do kit de desenvolvimento. O GameCube ainda não apresentou problemas mas foi o console menos posto a prova. De qualquer forma ainda é cedo para dizer se teremos ou não novos problemas.

Em relação a periféricos, os 3 consoles já tem o básico como cartões de memória, cabos, controles a até direção para jogos de carro. O PS2, por ser mais antigo, já tem a disposição todo tipo de tranqueira, desde prancha de snowboard até tapete para dançar e lutar, mas os outros consoles não devem ter problemas para ganhar sua cota de badulaques interessantes. A Nintendo já começou produzindo uma versão sem fio do seu controle, a inutilidade mais útil que eu já vi.

Outra boa sacada da Nintendo é a integração do console com seu portátil GameBoy Advance, que ao ser plugado no GameCube se torna um controle. Como o GBA tem seu próprio processador e tela, essa ligação pode trazer novidades interessantes, desde interagir com o jogo do console até liberar novas fases. A criatividade das produtoras é que vai limitar as possibilidades.

O GameCube é o único console que não vai rodar filmes em DVD nem tocar CDs de música. A Nintendo prometeu lançar uma versão japonesa com DVD no final do ano, mas é difícil analisar se a falta do DVD será prejudicial para o GameCube. Enquanto muita gente que não tem DVD em casa pode optar pelos outros consoles para economizar dinheiro, outras pessoas podem preferir um console mais barato, principalmente as que já têm um DVD player em casa. E em muitas casas isto nem vai ser uma consideração, pois os usuários de jogos e DVDs vão estar em faixas etárias e áreas da casa diferentes.

Os três consoles trabalham com mídias com capacidade para armazenar bastante informação, porém qualquer pessoa que tem computador sabe que espaço em disco é como dinheiro, nunca é suficiente. Apesar do Super Mario 64, um dos melhores jogos de todos os tempos, usar apenas 8 MBs, os jogos de hoje tem muitas texturas, músicas, locuções e outras tralhas que ocupam muito espaço. E quando o próprio jogo não ocupa todo o espaço, muitos desenvolvedores enchem de extras como "Making Ofs", clips das músicas, erros de gravação durante a dublagem, trailers e outros tipos de bônus. Nesse ponto, a desvantagem do formato proprietário do GameCube é clara, sua mídia armazena apenas 1,5 GB, enquanto na do PS2 cabe 4,7 GB e na do Xbox 8,4 GB.

Claro que nada impede que as produtoras produzam jogos que caibam em 2 ou 3 mídias, como já está acontecendo com o Final Fantasy. Mesmo assim, duas mídias de Xbox corresponderiam a doze mídias para o GameCube, ou seja, a grossura de um cartucho de Nintendo 64.

Brasil e Custo

O PSX sempre fez sucesso por aqui, mas não graças a Sony que nunca trouxe o console oficialmente para o Brasil. O PS2 segue o mesmo caminho e apesar de ser fácil achar jogos e o próprio console nos shoppings e nas lojinhas coreanas de São Paulo, nada melhor que a garantia e a presença oficial da Nintendo e da Microsoft.

Os preços para o Brasil não foram divulgados ainda. O PlayStation 2 pode ser encontrado com diferenças de até 100% entre uma loja e outra, isso sem contar que muitos lugares já vendem o console crackeado, para funcionar com jogos piratas ou DVDs de qualquer região. Com a presença oficial, o Xbox e o GameCube não devem apresentar uma diferença muito grande no pacote básico mas devem apresentar diferenças grandes nos pacotes que incluem jogos ou controles extras.

Nos EUA, os GameCube custará US$ 199 contra US$ 299 dos dois concorrentes, US$ 100 mais barato, mas sem leitor de DVD. Já sairam muitos boatos que a Sony também baixaria o preço do PS2, mas mesmo após a chegada dos concorrentes, ele continua inalterado. Com pacotes com games quentes chegando para impulsionar as vendas natalinas, parece que a empresa não vê necessidade de queimar seu hardware cedo demais.

Press Start!

Com três máquinas fumegantes disparando no mercado, a única certeza absoluta é que agora é O momento para os gamemaníacos que andavam afastados dos consoles voltarem a jogatina. Seja qual for sua escolha, a diversão está garantida.

Links:
· PlayStation 2
· GameCube
· Xbox

Ricardo Cavallini