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Macmania Test Drive

Macmania 107 - maio de 2003

PowerBook G4 12" - O PowerBook Light

"Este ano será o ano do notebook"
fraseou Steve Jobs em janeiro, enquanto apresentava ao mundo dois novos modelos de portáteis. O grandalhão de 17 polegadas com teclado que acende, SuperDrive, Bluetooth, AirPort Extreme e outras maravilhas, mas que ainda é apenas um sonho de consumo (até o fechamento desta edição, o novo PowerBook de 17" estava sendo entregue em doses homeopáticas nos EUA, apenas para quem comprou no início do ano), e o pequeno PowerBook de 12", o menor portátil já desenvolvido pela Apple desde os PowerBooks Duo; não tão rápido quanto o irmão maior, mas pelo menos mais acessível, já que em fevereiro ele já estava nas prateleiras dos EUA, por um preço mais convidativo. Com o PB 12", Jobs conseguiu agradar quem precisa de robustez e velocidade mas não precisa de uma tela enorme, em uma máquina bem compacta.

iBook melhorado?

Ao abrir o PowerBook, temos a primeira surpresa: a junção da tela com o corpo do portátil mudou, adotando o estilo do iBook branco, só que sem os problemas de as dobradiças serem muito duras, e com uma envergadura de abertura maior (porém, não tão grande quanto a do Titanium de 15").

E as semelhanças com iBook não param por aí. A concepção visual, espartana ao extremo absoluto, desprovida de qualquer detalhe estético além da maçã luminosa na tampa, é a mesma do portátil branco. Sem sal ou funcional: seu gosto decide.

As portas (uma FireWire, uma Ethernet, duas USB, video out, audio in e modem) ficam na lateral esquerda, exatamente como no iBook. É o fim dos incômodos cabos na traseira. Há até um aperfeiçoamento em relação ao iBook: o cabo de força fica junto às portas e não ao lado do drive óptico.

Outra semelhança, mas num sentido negativo: o máximo de memória que o PB G4 12" pode conter é limitado na prática pelo seu slot de expansão único. O limite teórico é de 4 GB, mas a maior placa atualmente disponível no mercado é de 1 GB, e por um preço simplesmente proibitivo. O PowerBook já vem de fábrica com 128 MB soldados na placa-mãe. A opção de expansão mais plausível é colocar no slot uma placa de 512 MB, para um total de 640 MB - o mesmo que a capacidade máxima do iBook. Numa máquina que se diz profissional, esse tipo de limitação é imperdoável, mas memória de laptop é assim mesmo.

E a falta de cache Nível 3 (L3) também pode ser considerada um demérito, apesar de ele ser mais usado por aplicações específicas. Basta olhar os nossos números de benchmark para perceber como ele é mais lento no Photoshop. Dependendo da sua área de atuação profissional, o cache pode ser um fator crucial na escolha do portátil - ou não.

Mas fica por aí a similaridade entre iBook e PowerBook. Obviamente, o processador G4 do PowerBook dá um banho de velocidade no G3 do iBook, sendo adequado para usar todos os recursos do OS X sem pestanejar muito.

O material exterior, mais resistente (alumínio anodizado fosco), dá um ar mais sóbrio que o branco gelo do iBook. Outras diferenças são o drive óptico (slot-loading no PowerBook e bandeja no iBook), teclado (falaremos dele mais tarde) e o trackpad, um pouco menor e com o botão mais ressaltado. O PB 12" também é mais leve que o iBook, apesar de visualmente parecer o contrário. É menor em todas as dimensões físicas.

Outro fator determinante na sua escolha entre iBook e PowerBook é, claro, a grande diferença de preço entre os dois. Enquanto o iBook de 12" (800 MHz) com drive Combo custa R$ 7.980, o PowerBook G4 12" sai por R$ 11.600 - uma diferença a mais de 45%.


Uma nova carapaça


legenda: A palavra de lei no design atual da Apple é "tudo preto e branco". Até mesmo nas embalagens

Sai o titânio e entra o alumínio. O metal é anodizado na sua cor natural, com acabamento fosco, sem nenhum tipo de pintura. Ufa! Acabaram-se os temores de riscos e descascados, totalmente indignos de um portátil que custa, no Brasil, quase o preço de um carro popular.

A mudança de material teria a ver com o custo de fabricação, ou com a percepção de que o titânio não era um material tão invulnerável quanto se supunha? Apesar de o apelido não ser tão bom quanto seu antecessor ("Ti" soa bem mais legal que "Al"), as vantagens práticas da mudança são muitas. Para começar, a textura é mais agradável ao toque. A única parte que incomoda é a aresta externa, que é estofada com plástico cinza, mas tem uma curvatura muito abrupta, especialmente desagradável para quem está habituado aos curvilíneos PowerBooks pretos e iBooks coloridos. Essas mesmas pessoas vão continuar reclamando do trackpad muito "para dentro" e da insistência da Apple no antiquado mecanismo de gancho para prender a tampa fechada.

Mas, afinal, o alumínio é ou não mais resistente que o titânio? Durante o nosso teste, carregando o laptop de um lado para outro sem nenhuma proteção especial (apenas o plástico protetor que vem com o portátil), nenhum risco grave foi notado. Em compensação, pequenas manchas de gordura por causa do manuseio ficaram bem evidentes. Uma lustrada no final do dia é recomendada para deixar o seu PowerBook sempre lisinho e brilhando.

Cuca quente

Uma coisa que ainda incomoda no novo PowerBook é o calor. Assim como seu antecessor de titânio, ele transmite diretamente o calor gerado pelo processador para a superfície externa, a fim de ser dissipado no ar. Isso significa que o computador inteiro esquenta um bocado, principalmente na parte inferior esquerda e na área superior ao lado do trackpad (em cima do HD), que chega a atingir 40 graus de temperatura (medidos no termômetro)! É praticamente impossível ficar com o pulso apoiado perto do teclado depois de muito tempo contínuo de uso. Como a parte de baixo também aquece bem, é necessário isolar a área para proteger partes sensíveis do corpo.

A Apple recomenda reduzir o uso do HD (pelo painel de controle Energy Saver) e não utilizar o PowerBook sobre superfícies não-lisas, como almofadas ou cobertores. Um suporte como o CoolPad (www.roadtools.com) é altamente recomendável. O botão metálico de liga/desliga, porém, não esquenta como na primeira versão do Ti. É errando que se aprende, também.

Teclado fixo

Quem usa portáteis da Apple há algum tempo já está acostumado a retirar o teclado para troca de HD, atualização de memória e instalação de cartão AirPort, entre outras coisas. No novo PowerBook, o teclado é imóvel, construído em cima do chassi. Não é mais removível como os anteriores. Assim, o slot de memória passou a ficar na parte de baixo da máquina; o acesso para o cartão AirPort (só para o novo modelo Extreme) fica escondido na baia da bateria. Removida a bateria, abre-se uma pequena portinhola e engata-se o cartão lá dentro. Para instalar memória, basta retirar quatro parafusos e uma tampa no centro da parte inferior.

Como se troca o HD? Agora, só com ajuda da assistência técnica para descobrir.

O novo teclado é uma maravilha em comparação aos tradicionais: bem sensível ao toque, com a superfície pintada na mesma cor prateada das partes metálicas. Os desenhos das letras são entalhados e translúcidos (quando você aperta a tecla [Caps Lock], pode ver a luz verde por trás das letras). Parece bem mais robusto que o teclado do Titanium. Mas falta a tão falada iluminação embutida - a luz azulada por trás do teclado que se acende automaticamente quando o ambiente escurece. Isso daria um charme mais do que especial para o PowerBook. Steve Jobs optou por incluir o recurso somente no modelo de 17". A decisão tem um motivo técnico: o sensor ocupa espaço demais para um laptop tão pequeno. E também há o custo. Mas aos olhos do consumidor a omissão não deixa de ser frustrante. Nem todo mundo trabalha no escuro, e para alguns talvez o teclado iluminado não passe de uma frescura à toa; mas outros poderão mudar sua decisão de compra por conta disso.

Falta alguma coisa?

Além do teclado luminoso, faltam outros recursos no PowerBook G4 de 12". Para começar, ele não possui FireWire 800; apenas o FireWire original, de 400 kbps. A nova tecnologia também ficou exclusivamente para o grandalhão PowerBook de 17". Não que no momento isso seja um problema intolerável, já que não existe uma grande oferta de produtos usando a nova interface mais rápida. Mas a tendência é que rapidamente comecem a pipocar no mercado HDs e outros periféricos compatíveis com ela, o que num futuro mais distante tornará a sua falta um ponto negativo.

O PowerBook G4 12" também não tem porta para PC Card (ou PCMCIA, dependendo de quem está falando). Ou seja: não dá pra expandir as funções do portátil. Além disso, ele também não aceita monitores externos ADC ou DVI; apenas o velho padrão VGA (o adaptador necessário para a conexão vem junto na caixa, como nos modelos anteriores). O que isso quer dizer? Que não é possível ligar diretamente como segundo monitor nenhum dos novos modelos de tela plana (Cinema Display) da Apple. Para fazer essa ligação é preciso adquirir um adaptador VGA/ADC da Gefen, que custa carinho: US$ 299 nos EUA. (No Brasil, a Gefen é distribuída pela MacDatalands, tel. 11-3662-2733.)

Outra lacuna, essa provavelmente temporária, é a ausência de uma configuração com SuperDrive. Nos EUA, ela pode ser encomendada apenas pelo site de venda direta da Apple, o que denota que ele está sendo produzido em quantidades bem limitadas. Com a produção crescendo, é natural que ele vire um produto de linha e passe a ser vendido em qualquer revenda, e assim acabe chegando ao Brasil. Mas quem está atrás do menor computador capaz de queimar DVDs do mundo vai ter que esperar.

Outro fator importante, até histórico: o PowerBook G4 12" é o primeiro modelo de Mac a chegar às nossas mãos que não dá mais partida (boot) pelo Mac OS 9. Mas calma: se você é daqueles azarados que ainda precisam usar programas que não rodam no Mac OS X (Quark, alguém?), o ambiente Classic funciona sem nenhum problema (e vem pré-instalado com o sistema). Mas para os audiomaníacos que ainda não possuem as novas versões do Logic ou Pro Tools, vai ser necessário fazer o upgrade do programa antes de investir nesta máquina (ou em qualquer outra que for lançada pela Apple a partir deste ano).

Para quem serve?

Todos aqueles macmaníacos que reclamam da falta de poder do iBook sem se importar com o tamanho (ou melhor, preferem portáteis cada vez menores) podem começar a juntar os trocos do final de semana e adiar a contribuição da igreja para comprar um.

O PowerBook G4 tem atrativos a dar com pau. No final das contas, a Apple chegou a um bom equilíbrio entre performance, features e portabilidade. O PowerBook 12" deve agradar a uma boa parcela dos usuários profissionais, exceto os mais exigentes e necessitados de todo o poder de fogo possível em uma máquina portátil. Para estes, a pedida atual é o PowerBook Ti de 1 GHz (leia ao lado), que além de uma tela maior e SuperDrive, aceita mais RAM e é mais expansível. Ou então, espere mais alguns meses pelo carro-mamute, o PowerBook de 17".

Ficha técnica
  • Processador: G4 867 MHz
  • Barramento: 133 MHz
  • Tela: 12,1", resolução 1024x768
  • Memória: 128 MB na placa-mãe e um slot com um pente de 128 MB DDR266 SDRAM
  • HD: 40 GB Ultra ATA/100
  • Drive óptico: Combo Drive (CD-R/RW + DVD)
  • Vídeo: nVIDIA GeForce4 420 Go + 32 MB DDR
  • Rede: Ethernet 10/100Base-T; pronto para AirPort Extreme (não vem com cartão embutido); Bluetooth integrado
  • Portas: duas USB, 1 FireWire 400, modem 56K, S-Video e Audio In
  • Preço: R$ 11.600

  • Sérgio Miranda
    Ainda não troca seu PowerBook G3 Bronze por nada deste mundo. Mas aceita conversar sobre o assunto.

    colaborou Márcio Nigro
    fotos Clicio