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Macmania Test Drive

Dual 450 MHz

O Mac de duas cabeças


Finalmente um Macintosh com um cooler tão grande quanto o de alguns PCs. Embaixo dessa cidade de alumínio ficam os dois chips PowerPC.

Os novos Macs G4 Dual incluem dois chips PowerPC G4 - de 450 ou 500 MHz - na mesma máquina. A lógica que deveria prevalecer num mundo ideal é que um mais um é igual a dois; mas, no caso dessas novas máquinas, essa conta pode ter outros resultados.

É claro que a primeira novidade dessa nova geração de Power Macs são os dois processadores. Mas outra novidade muito importante é a inclusão da interface de rede Gigabit Ethernet, capaz de suportar os padrões 10Base-T (10 Mbits por segundo), 100Base-T (100 Mbits/s) e 1000Base-T (1 Gbits/s) sobre cabos de cobre. O único "porém" é que o padrão 1000Base-T é pouquíssimo utilizado por aqui (nem nos EUA é muito popular), além de ser caro de implementar em comparação ao 100Base-T. De qualquer forma, é bom tê-lo à mão, e os profissionais que trabalham com arquivos pesados (como vídeo) certamente vão gostar.

Os novos G4 seguem o exemplo do Cubo e incluem o Apple Display Connector (ADC), que é um conector DVI (Digital Visual Interface) modificado, com a adição de alimentação de energia e USB. Assim, os felizardos que possuem um Apple Cinema Display poderão ligá-lo diretamente à saída digital.

Muita gente vai dizer que é a velha Apple tentando de novo impor um padrão diferente de todos os outros, mas neste caso vale a pena: poder ligar o monitor com apenas um cabo é um luxo só. A Apple está mais uma vez se antecipando ao resto da indústria. Monitores com conexão totalmente digitais são o futuro e já existem adaptadores ADC/DVI para adequar os G4 a monitores de outros fabricantes (ou mesmo ao Cinema Display da primeira geração). De qualquer modo, também há uma saída VGA para o resto dos mortais que usam os monitores tradicionais.

Vento divino

Um dos sonhos de Steve Jobs é eliminar as ventoinhas dos Macs. Ele conseguiu isso nos iMacs e no Cubo. O G4 torre, com seu maior consumo de energia, ficou para depois; a ventoinha, ainda que discreta, não deixa você esquecer que a máquina está ligada. Em compensação, quando você bota o Mac para dormir, parece que o Shutdown foi acionado. É um silêncio só.

Como dois e dois

Vamos agora falar de processadores, no plural. Os Macs duoprocessados existem; não há dúvida sobre isso. As fotos nestas páginas são de um deles (você reconhece a diferença externamente, pelo botão de ligar: o dos Macs Dual tem a luzinha branca em vez de colorida). Porém, ainda não existe - oficialmente - uma versão do nosso sistema operacional favorito que utilize o multiprocessamento. É, você leu isso mesmo: o Mac OS 9 ignora completamente a existência do segundo chip e não tira proveito dele. Então, pra que diabos adianta comprar um G4 Dual, se só um processador vai funcionar? Calma, muita calma. A coisa não é bem assim. Em primeiro lugar, ao lançar os Macs multiprocessados a Apple está preparando o terreno para o Mac OS X (não seria melhor o contrário...?), que terá suporte total aos duoprocessados.

Em segundo lugar, mesmo sem o OS X na mão já é possível aproveitar os "dois meninos" que ficam trabalhando dentro do gabinete cinza. Isso porque muitos dos softwares que exigem mais da máquina (Photoshop, SoundJam, Final Cut Pro, Logic Audio e Media 100, por exemplo) já utilizam por conta própria o segundo processador. Mas não o fazem completamente, de modo que isso não acarretará uma dobra de performance.

Multiprocessamento "em termos"

Tá confuso esse negócio, né? Vejamos essa história toda mais detalhadamente:

· O Mac OS 9 tem suporte a algo chamado multiprocessamento assimétrico, um esquema no qual o sistema operacional e a maioria dos programas rodam em um processador e ignoram o outro, mas alguns aplicativos específicos podem distribuir certas tarefas ao segundo. Como consequência, o ganho de desempenho é específico para cada um desses programas, e fatalmente ocorre um desequilíbrio de carga entre os processadores e o segundo chip passa a maior parte do tempo ocioso, sem ter com quem "brincar".

· No Mac OS X Beta, os programas não-multiprocessados podem trabalhar em um ou no outro processador (não em ambos ao mesmo tempo). Os softwares preparados para o multiprocessamento distribuem as tarefas entre os processadores sob a orientação do sistema operacional, que permanentemente verifica qual chip está menos "carregado". Assim, há um balanceamento mais equitativo entre os chips. Se você não planeja usar o Mac OS X Beta ou se os programas que você usa não são multiprocessados, um G4 Dual não vai representar um ganho de performance muito grande em relação a um G4 monoprocessado. Entretanto, note que no OS X será possível rodar muito mais programas com menor perda de performance, mesmo que alguns deles não sejam compatíveis com multiprocessamento, uma vez que podem rodar em um ou em outro chip. Isso é interessante para quem trabalha com muitos programas abertos ao mesmo tempo.

· O Mac OS X final terá o multiprocessamento simétrico, que distribui por igual a carga de processamento entre os chips, incluindo todos os recursos do próprio sistema, que será nativamente compatível com o multiprocessamento. Ou seja, quando o X chegar para valer é que os dois chips G4 encravados nessas máquinas vão mostrar realmente a que vieram. Podemos sentir o ganho de velocidade claramente ao rodar o Mac OS X Beta no G4 Dual e compará-lo com a performance do mesmo sistema num G4 com um processador só. Todas as operações do Finder e as animações do Aqua ficam sensivelmente mais rápidas e fagueiras, comprovando que o multiprocessamento e o Mac OS X combinam como goiabada com queijo.

À medida que os programas forem saindo nativos para Mac OS X ou "carbonizados" (adaptados para rodarem no X e também no 9), a existência de dois processadores fará cada vez mais sentido. Softwares "carbonizados" serão mais estáveis, por causa do sistema de proteção de memória do OS X, e também saberão aproveitar o multiprocessamento de cara. A Apple diz que mesmo os softwares para o Mac OS 9 compatíveis com multiprocessamento tirarão vantagem dele rodando no ambiente Classic do OS X. Pode até ser verdade, mas quando rodamos o Photoshop 5.5 (com o plug-in de suporte a multiprocessamento fornecido pela própria Apple) no beta público do X, o que vimos foi a performance do programa ficar três a quatro vezes menor.

Photoshop

Os testes de multiprocessamento feitos com o Photoshop no Mac OS 9 foram os mais animadores. Em comparação a um G4 450 MHz com apenas um processador, a dupla dinâmica mostrou mais serviço, apresentando melhorias de performance variadas de acordo com a tarefa realizada. Fizemos os testes com e sem o plug-in de suporte a multiprocessamento que acompanha o G4 Dual. Algumas tarefas, como as distorções Rotate e Twirl, ficaram cerca de 20% mais rápidas. Porém, de modo geral, os ganhos não foram relevantes. Isso acontece porque, nas versões mais recentes, o Photoshop já possui componentes otimizados para rodar em vários processadores (ver box). Por outro lado, ao comparar os resultados entre o G4 450 MHz Dual e um G4 450 MHz "solteiro", vemos que a melhoria de performance é mais uniforme: de 20% a 30%.

Logic Audio e SoundJam

Outro software que participou de nossos testes foi o sequenciador/editor de MIDI e áudio Logic Audio Platinum, da Emagic. Comparamos a versão 4.5.1, que suporta multiprocessamento, com a 4.3, que só reconhece um chip. Como metodologia de teste, decidimos escolher um plug-in que exigisse bastante poder de processamento (no caso, o reverb Platinum Verb) e ver quantos deles poderiam funcionar ao mesmo tempo. Resumindo: conseguimos abrir 13 plug-ins simultâneos na versão multiprocessada contra 12 da outra versão, o que se traduz em uma melhora entre 8% e 10%. Não é muita diferença, mas já é alguma coisa.

Os testes com o SoundJam 2.5.1, que também suporta multiprocessamento, revelaram algo surpreendente: a versão 2.1 criou arquivos MP3 mais rapidamente no G4 Dual do que a versão que deveria ser mais rápida - sabe-se lá por que.

Concluindo

Existem diferentes maneiras de se olhar os novos Macs multiprocessados. Uma delas é imaginar que o G4 Dual só foi criado por causa da incapacidade de a parceria Apple/ Motorola oferecer, até agora, chips que atinjam velocidades de clock similares às dos processadores Intel (ver Tid Bits desta edição); ou seja, "já que não podemos oferecer gigahertz num processador, vamos somar os megahertz". Até aí tudo bem, mas essa soma de um mais um só vai dar certo no Mac OS X. No OS 9, a soma do todo é, infelizmente, menor do que as partes.

Por outro lado, um G4 Dual pode ser um bom investimento para quem planeja estar pronto para usar o Mac OS X quando estiver pronto, em algum momento do ano que vem. Enquanto isso não acontece, o Mac multiprocessado funcionará de modo parecido a um modelo de apenas um processador de mesmo clock. Mas vamos botar de outra forma: digamos apenas que o G4 Dual é um computador para quem pensa a médio/longo prazo. Mas é bom que o Mac OS X faça valer esse investimento...

por Márcio Nigro
Não trocaria o seu G4 Dual por um Cubo.

Ficha técnica

  G4 Dual 450 G4 Dual 500
Processadores PowerPC G4 450Mhz PowerPC G4 500Mhz
RAM 128 MB (até 1,5 GB) 256 MB (até 1,5 GB)
Backside cache 1 MB a 225 MHz 1 MB a 225 MHz
Drives 30 GB Ultra ATA/66, DVD-ROM 40 GB Ultra ATA/66, DVD-RAM
Placa de vídeo ATI RAGE 128, AGP 2x, 16 MB
Portas 2 FireWire, 2 USB
Comunicação Modem 56K, Ethernet 1000Base-T; pronto para o AirPort
Preço R$ 7.750 R$ 10.750