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Macmania
Resenhas

Photoshop 6.0

Para a Web e avante!

Eis que o Photoshop 6 já está sendo vendido e toda a imprensa de informática teve a sua oportunidade de publicar aquelas costumeiras matérias recheadas de elogios e entusiasmo forçado, evidentemente insufladas por muita leitura de releases e pouco tempo de uso. Que tal, para variar, uma análise verdadeira do que realmente importa no produto, vinda de um usuário de fato? É o mínimo que você deve esperar da Macmania. Se você imaginava que este artigo seria mais uma banal lista de features, sinto muito (ou ainda bem...). A Adobe quis mostrar serviço nesta versão; é novidade demais para o espaço de que dispomos aqui. Por isso, vou me concentrar em comentar aquilo que poderá mudar o seu dia-a-dia com ele.

Anda-se fazendo um barulho forte em torno da nova botoneira com jeitão de Microsoft, que substitui as paletes Options e Brushes e permite pendurar outras paletes no seu canto direito. A dura e fria verdade: é uma mudança essencialmente inútil; complica à toa o uso de algumas ferramentas; ocupa mais espaço na tela; e, na mais típica tradição "photoshópica", não oferece qualquer possibilidade de personalização.

Se, por uma louca distorção da realidade, o Photoshop fosse da Macromedia, por exemplo, certamente teria atalhos de teclado reconfiguráveis e uma preferência para escolher entre Brushes como um menu na botoneira ou na forma de palete. Espere aí: os demais produtos da própria Adobe são assim! Por que, então, essa limitação justamente no Photoshop?


Objetos vetoriais: obra em progresso

A despeito de sua apavorante complexidade interna, o Photoshop ainda conserva um modo de usar razoavelmente simples. Mas ele não é mais todo assim. As partes novas do software seguem linguagens visuais divergentes - geralmente são caixotões que não raro enchem toda a tela, cercados de minúsculos controles e botões que até para clicar são difíceis.

E, como exemplo da compliqueira, veja a implementação do novo recurso de "objetos baseados em vetores". É ideal para as artes que precisam ter duas versões com tamanhos e resoluções muito diferentes (sim, você adivinhou: para papel e para a Web) - desde que seja construída com objetos vetoriais desde a sua concepção, para não criar confusão.

Mas a interface não é para principiantes:

· Um objeto vetorial (criado com a ferramenta de sua escolha ajustada para "Create new shape layer") é, na verdade, apenas um layer de cor uniforme, mascarado por um clipping path (silhueta de recorte) que é editável diretamente; você pode ver o resultado em tempo real.

· Há uma biblioteca editável de formas prontas (estrelas, setas, balões de fala etc.), ou então você pode usar as ferramentas de path para desenhar as suas - mas os objetos criados sempre serão silhuetas de recorte.

· Cada um desses objetos é um layer independente. Se você resolver trabalhar só com esse tipo de objeto, em três tempos ficará dependente de uma enorme e confusa lista de layers. O novo recurso de agrupar os layers em "pastas" é o que acaba salvando o dia.

· Tendo já o objeto uma cor própria, uma tentativa de aplicar outra cor gera automaticamente um novo layer de ajuste sobre ele.

· Para desenhar dentro de um objeto, você deve permitir antes que ele seja rasterizado (convertido em pixels) pelo Photoshop, ou criá-lo diretamente como pixels. Esta é uma necessidade muito comum e está disponível como opção para as ferramentas: chama-se "Create filled region".

Funciona? Funciona. Apenas não posso crer que não dê para implementar uma coisa tão importante de uma maneira menos contra-intuitiva. Talvez uma boa surpresa nessa área nos aguarde na versão 7...


Avançando na Web

A maioria das alterações no Photoshop 6 facilita a criação de conteúdo para a Web, tornando o programa mais atraente para a legião de novos usuários que são Web designers e não precisam conhecer os complicados meandros da produção de imagens para o papel. Na verdade, a versão anterior, com sua lógica de uso ainda totalmente voltada para o papel, já era bem atraente: mais de 90% dos sites na Web contêm imagens tratadas no Photoshop. O que a Adobe está fazendo agora é alavancar essa vantagem através da incorporação progressiva ao Photoshop de recursos do ImageReady, o qual ainda vem junto de graça, mas está destinado a desaparecer assim que os últimos features que restam no irmão menor - animação e rollovers - forem assimilados.

De cara, uma das melhores novas funções para Web design foi trazida do ImageReady: slices, ou, em bom português, "fatiar" imagens em arquivos menores a fim de gerar páginas Web mais eficientes.


Para se divertir...

Outras alterações no Photoshop deverão torná-lo mais palatável para aquele usuário caseiro ou amador que só usa o Photo-Paint por causa dos efeitos especiais.

Surgiu uma palete de estilos de cores e efeitos, onde você pode armazenar aquele seu botão cinzelado com textura de aço escovado para depois criar quantos objetos quiser com o mesmo aspecto. Em compensação, a interface de edição de efeitos (agora chamada de Layer Properties, em deferência ao mundo Windows) virou uma verdadeira "cabine de avião". Reserve um dia somente para estudá-la e aprender a usá-la bem.

Outro efeito de maior interesse para o amador é o comando Liquify, que é nada menos que uma versão Adobe do Kai's Power Goo - igualzinho, só que sem a interface charmosa.


Controle de cores: desta vez, melhor

Mas o que o power user quer saber é se o gerenciamento de cores - separações CMYK, perfis ColorSync e compensação de monitor - mudou de novo (é difícil esquecer o trauma que foi a mudança equivocada na versão 5.0). Sim, mudou de novo, mas no nível funcional. Agora foi tudo reunido em uma só caixa de diálogo, o que garante que você não vá mais esquecer de checar nada.

E o melhor: é possível salvar esses ajustes e importá-los em outro computador - ótimo para grupos de trabalho. Outro feature interessantíssimo é que o [?][Y] (CMYK Preview, rebatizado como Proof Colors) agora também serve para pré-visualizar outros tipos de impressão; dá até para ver como o seu trabalho ficará nos monitores dos outros. E o Print Preview permite diagnosticar erros com a página antes de desperdiçar tinta e papel.


Texto: agora sim!

Pense o que você acha que deveria melhorar na ferramenta de texto do Photoshop 5.5. Certamente o seu desejo foi realizado no 6. Finalmente, os textos são editáveis diretamente na imagem! Os controles tipográficos são exatamente os mesmos do Illustrator - específicos para caractere e parágrafo -, o que não é nada mau. E os blocos de texto podem ser distorcidos de muitas maneiras, à la TypeStyler (lembra?), e continuam editáveis após a distorção! Se a grande moda nas artes gráficas nos últimos anos foi o "falso 3D", prepare-se agora para ver textos "tortos" por toda parte.


Sutilezas

Fora essa multidão de coisas, algumas funções consagradas "aprenderam" truques novos. Por exemplo, o Crop pode distorcer a imagem em perspectiva, o que é útil para eliminar distorções geométricas (keystoning) em fotos de arquitetura. Recados escritos ou falados (!) podem ser acrescentados aos arquivos PSD e PDF para serem consultados pelos seus colegas. Aliás, o recurso Manage Workflow (Gerenciar Fluxo de Trabalho), que coordena o trabalho de uma equipe em torno de um servidor de arquivo, é outra novidade do tipo "como não pensaram nisso antes?"

E, finalmente, o programa ganhou um comando "Open Recent", que lista os últimos documentos abertos (igual à versão Windows), e até a tela de abertura ficou menos feia.

Só que agora, oficialmente, o Mac mínimo para ele deve ter 64 MB de RAM (ou 128, se for o caso de trabalhar com o ImageReady aberto junto). E não é uma versão "carbonizada", isto é, não foi preparada para também rodar diretamente no Mac OS X.


Upgradear ou não?

Voltando ao tema do início do artigo, o que realmente importa em um novo programa não é uma enorme lista de recursos, e sim como ele afeta a vida de quem realmente o usa. Veja bem, o Photoshop 6 tem tantas novidades que eu também já ia me perdendo aqui no lugar-comum de ficar listando features. Então, retomemos o foco com uma questão crucial: preciso fazer o upgrade? Pois a versão 5.5 vai continuar sendo um ponto de referência por algum tempo. O Photoshop 6 mantém-se o mesmo em essência, mas diversifica suas aplicações com os novos recursos. Você deve adotar o 6 se algum deles tiver o potencial de melhorar significativamente seu trabalho. Se você é um freelancer sem necessidades maiores do que preparar fotos para editoração, o 6 é um exagero; pode ficar como está, por enquanto - mas vai comecar a babar ao ver por todo lado textos psicodelicamente coloridos e tortos. A gente avisou!


Mario AV - www.marioav.com
Convida todos a virem discutir esta matéria e dicas de manipulação de imagens no fórum de Photoshop deste site.

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Contra Mais complicado do que nunca; botoneira de opções de ferramentas pode ser irritante; objetos vetoriais são difíceis de usar; ImageReady continua na parada