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Resenhas


Desde seu lançamento, no final de março, o Mac OS X tem sido mais uma amostra do que o futuro reserva para os macmaníacos do que um sistema operacional para usar no dia-a-dia. Os quatro primeiros updates não trouxeram grandes mudanças, apenas correções de bugs e alterações nos bastidores. O OS X 10.0.4 foi o mais esperado, já que permitia "queimar" CDs de áudio com o iTunes. Se não era perfeito, pelo menos já indicava uma direção clara a tomar.

No entanto, muitos aspectos exigiam mais atenção, especialmente os recursos úteis do OS 9 que ficaram de fora. Utilitários de terceiros até conseguiam tapar alguns buracos, mas ainda assim sentíamos que o Mac OS X ainda não era bem "aquilo".
Com o recente lançamento da versão 10.1, a situação mudou muito. Se não ainda é "aquilo", está claro que pelo menos está bem próximo de ser, oferecendo um ambiente mais sólido e intuitivo. De modo geral, as principais falhas das versões anteriores foram corrigidas, mas ainda restam várias pendências. O OS X é um trabalho em andamento, e está claro que as arestas serão aparadas para tornar o sistema ainda melhor do que já é. Apesar de não ser uma obra completa (e algum sistema operacional o é?), os benefícios da nova versão são convincentes o suficiente para não querermos largá-lo nunca mais.

Onde? Onde?

Se você é um macmaníaco de corpo e alma, deve estar louco para saborear o Mac OS X 10.1 (se é que já não o tem instalado). Mas pode estar se perguntando: Como consegui-lo?

A versão 10.1 é um update gratuito para quem comprou o Mac OS X original ou tem um Mac que veio com ele pré-instalado. Porém, como é grande (550 MB), o atualizador para o 10.1 só está disponível em CD. Nos EUA, a Apple cobra US$ 20 mais o frete, além das taxas locais, para fornecer o produto.

Já no Brasil, a coisa vai ser duplamente melhor. Foi anunciada para o final de outubro a chegada do OS X 10.1 em inglês - um upgrade gratuito para quem comprou a versão nacional do sistema. Em novembro, o macmaníaco deverá receber um segundo upgrade, desta vez em português, também de graça. São dois pelo preço de um. Segundo Rodrigo Pellicciari, gerente de produto da Apple Brasil, essa estratégia foi feita para beneficiar o usuário de Mac brasileiro. "Quem quiser se beneficiar das novidades que o OS X 10.1 tem não vai precisar esperar até o final do ano para poder usufruir dele", garantiu Rodrigo. "Depois, com a segunda fase da atualização, o macmaníaco terá um sistema estável, bonito e localizado", disse.

Segunda pergunta, a mais importante, que deve estar passando na sua cabeça neste momento: Vale mesmo a pena utilizá-lo?
Antes de responder, vamos ver o que há de novo no OS X 10.1.

Bem mais rápido

Vamos começar pelo desempenho, a principal reclamação de quem já vinha testando as versões anteriores em Macs sem processador G4 e com "pouca" memória RAM (menos de 128 MB). Instalar o OS X original num iMac de 233 MHz era algo risível. Com a nova versão, isso não apenas é algo completamente factível, como fizemos o 10.1 rolar decentemente com apenas 96 MB de RAM.

Os programas estão certamente abrindo mais rapidamente do que antes. Até mesmo os aplicativos do ambiente Classic (OS 9) comportam-se bem, sendo que em boa parte deles é difícil notar qualquer mudança significativa de performance ou perda de estabilidade em relação ao Mac OS 9. Isso por si só já é um grande avanço e argumento suficiente em prol do novo OS X.

Abrir o ambiente clássico ainda é demorado e, ao que parece, o tempo de espera não mudou em relação às versões anteriores. Passada essa etapa, tudo corre suavemente, tirando as raras vezes em que o Classic fecha repentinamente, sem qualquer notificação post mortem, por culpa de algum programa caprichoso. É claro que o ideal é não ter que usar programas de OS 9, pois o Classic drena boa parte do processamento da máquina. À medida que mais e mais aplicativos "carbonizados" forem aparecendo para o Mac OS X, poderemos começar a dar adeus ao passado e viver felizes para sempre no mundo Aqua.



A melhora de desempenho não se restringe à hora de rodar um software. Muitas das ações corriqueiras, como mover janelas, navegar pelos menus, arrastar ícones e navegar pelo HD, estão respondendo mais prontamente. Isso é especialmente nítido quando redimensionamos uma janela. Antes, o redesenho das janelas em tempo real era deplorável até mesmo nos Macs mais rápidos; agora, está suave o bastante para não chamar mais a atenção.
A maioria dessas ações de interface do OS X são bem mais complexas tecnicamente do que no OS 9 e, por isso mesmo, nem sempre são tão ligeiras. Enquanto no sistema clássico você redimensiona uma janela vendo apenas o "fantasma" dela, no OS X isso não existe; a janela inteira é redesenhada em tempo real. Por isso, esse tipo de ação ainda não é tão ágil (usar milhares de cores em vez de milhões melhora um pouco a situação). Mas falta pouco para chegar lá.
A Apple também afirma que o OpenGL está 20% mais rápido no 10.1 e oferece suporte nativo para a placa de vídeo de topo de linha, a nVidia GeForce 3, melhorando sensivelmente o render 3D. Certamente, uma boa notícia para os gamemaníacos.
Em adição ao efeito de minimização Genie (aquele em que a pasta ou janela sai do Dock como se fosse um gênio saindo da lâmpada), a Apple introduziu o Scale, que não deforma a janela e é bem mais rápido.

What's up, Dock?

E por falar em Dock, ele traz uma boa novidade, que é a possibilidade de posicioná-lo nas laterais esquerda e direita da tela, além da beirada inferior. Isso faz bastante sentido, uma vez que o Dock embaixo pode atrapalhar o acesso aos botões de rolagem, particularmente dos programas clássicos. E, como o desktop tem mais espaço na horizontal do que na vertical, faz sentido colocar o Dock no lado esquerdo ou direito. Fora que ele não fica mais obstruindo os pés das janelas do Classic.



Os programas que aparecem no Dock agora podem mostrar menus com opções relativas às suas funções, tornando-o ainda mais útil. Se um aplicativo está rodando em background e necessita de sua atenção, o ícone do Dock pulando lépido e fagueiro, desesperado para ser notado.



Algumas funções - como mudar resolução de monitor, status do modem, volume, nível de bateria e troca de rede AirPort -, que antes eram extras do Dock, agora residem na barra de menu, à esquerda do relógio, proporcionando economia de espaço no Dock.




Agradecemos a preferência

A janela de preferências (System Preferences) do Mac OS X 10.1 foi organizada por grupos: Personal, Hardware, Internet & Network e System. Isso certamente facilita a localização dos ícones. Aliás, surgiram novos painéis de preferência, incluindo Desktop, para definir a imagem de fundo de tela (antes essa função estava entre as preferências do Finder), e General, que configura uma porção de opções de interface. Muitos dos painéis restantes trazem pequenas mudanças, como um botão que liga o Screen Saver ao Energy Saver.




Agora queima!



Finalmente! É possível queimar CDs no Mac OS X 10.1 a partir do iTunes ou do Disc Burner. Dá até para adicionar um botão Burn à barra de ferramentas das janelas do Finder.



Também dá para ver filmes em DVD com o DVD Player 3.0, que traz um painel de controle mais simples e funcional do que seu antecessor. Porém, o programa só rola em Macs com drive de DVD-ROM embutido e placa AGP e não permite ver filmes num PowerBook ou iBook conectado a uma TV ou monitor externo. Já a autoria de DVD chegará em breve com o iDVD 2, que só rodará no X. O DVD Player 3.0 é um bom exemplo das possibilidades de multitarefa do OS X. Num G4 Dual 450 MHz, é possível assistir DVD, rodar o Virtual PC, tocar MP3 no iTunes, acessar a Internet e baixar email simultaneamente, sem nenhum "soluço". Realmente impressionante - mas isso não vai rolar em qualquer Mac, claro.




O que cai na rede...

Para quem trabalha com redes AirPort, o novo OS X inclui o AirPort Admin Utility, utilitário para gerenciar estações base AirPort sem ser necessário utilizar o Mac OS 9. Infelizmente, o Software Base Station, função que faz um Mac com placa AirPort assumir o papel da estação base só roda no OS 9, por enquanto.

Além disso, o Mac OS X 10.1 finalmente consegue se comunicar com outros Macs pelo velho protocolo AppleTalk, não apenas via TCP/IP. Ou seja, Macs com sistemas anteriores ao Mac OS 9 podem ser acessados pelo OS X.
Mais importante que isso tudo - para as redes corporativas - é o cliente embutido SMB (Server Message Block), essencial para conectar-se a servidores de arquivos Windows ou Unix baseados em SMB. Só que os servidores SMB não são listados automaticamente na caixa Connect to Server. É necessário é digitar a URL (começada com smb://) e em seguida entrar com nome de grupo, nome de usuário e senha. Não é exatamente um processo intuitivo, mas funciona perfeitamente. No OS 9 isso só seria possível a partir de programas como DAVE ou DoubleTalk (leia a matéria de capa desta edição).

O suporte a impressão também foi bastante melhorado, com a inclusão de arquivos de descrição para mais de 200 impressoras, incluindo as da Hewlett-Packard, Lexmark e Xerox. A Apple diz que o suporte para os modelos USB também foi melhorado, mas não pudemos comprovar isso com a Epson Stylus 580 nem com a Okipage 8z.

A volta do AppleScript

Foi bastante aperfeiçoado o suporte a AppleScript no Finder e dentro de vários componentes do sistema, como o Print Center, Internet Connect e Terminal. O 10.1 inclui uma pasta com diversos AppleScripts que adicionam funcionalidades ao sistema e a vários programas (nosso preferido é o Crazy Message Text, que cria automaticamente "mensagens de sequestrador" no Mail).

A mudança mais dramática no AppleScript foi sua integração com a linguagem XML e o protocolo RPC, que dá acesso a dados contidos em sites da Web direto do Finder. Um exemplo que já vem com o sistema é o script Stock Quote, que dá o valor de ações de empresas americanas. Outro interessante é o BlogScript (www.webentourage.com), que permite aos blogueiros postarem mensagens em seus diários online de dentro de qualquer programa do OS X.

Aqua limpa

A interface Aqua certamente é sensacional e atraente, mas ainda consumirá alguns updates até que fique tão "redonda" quanto a do sistema clássico. Afinal, cadê todos os nossos queridos menus contextuais, tão úteis no OS 9? Abra o menu contextual numa janela do Finder e você verá apenas três opções: Help, New Folder e Show Info. Não dá para organizar alfabeticamente nem alinhar (Clean Up) os ícones. Para isso, é preciso ir ao menu View > View Options ou teclar [command][J]. Esperamos ansiosamente a volta desses comandos no menu contextual na próxima versão. Afinal, em time que estava ganhando não se mexeria.

Por outro lado, os nomes dos arquivos passaram a ser mostrados de forma mais eficiente. O Mac OS X já tinha acabado com a tradicional limitação de até 31 caracteres nos nomes de arquivos, mas não apresentava as letras intermediárias do nome do documento quando ele era grande demais para ser mostrado, o que podia confundir na hora de diferenciar arquivos com nomes parecidos. No 10.1 esses problemas são minimizados com os nomes em duas linhas na vista de ícones e também com as colunas redimensionáveis nas janelas em vista por colunas. É possível mudar a largura de todas as colunas de uma vez ou alterar apenas uma delas, arrastando a "maçaneta" com a tecla [Option] pressionada.



Maravilha das maravilhas: finalmente dá para mudar o ícone do HD, que nem no 9. E a combinação [command][Shift][3] para capturar imagens na tela voltou, assim como o [command][Shift][4] para fotografar uma seleção.
Porém, existem aspectos da interatividade aos quais teremos de nos acostumar, ainda que deixemos escapar alguns palavrões no processo. O exemplo mais clássico disso é quando teclamos [command][N] no Finder e, em vez de uma nova pasta, surge uma janela do Finder. Para criar pastas, o atalho agora é [command][Shift][N].
A lógica da mudança é compreensível, pois na maioria dos programas o [command][N] serve exatamente para isso: abrir uma nova janela. Mas, até que nos acostumemos, continuaremos profanando o OS X.




Confusão com nomes

Por causa da herança do Unix (ou influência do Windows, já que as consequências são as mesmas), a natureza dos arquivos no X passa a ser definida pelas extensões nos seus nomes (.tif, .doc etc.). Isso a despeito de o Mac OS clássico ter um método de associação de arquivos mais moderno, baseado nos atributos invisíveis Type e Creator e com preponderância sobre as extensões quando presentes. Essa é uma das maiores bolas fora da Apple.

A opção padrão do OS X 10.1 é não mostrar as extensões no Finder, já que os macmaníacos não têm a tradição de se preocupar com esse tipo de coisa. De qualquer modo, você pode ir às preferências do Finder e habilitar a opção "Always show file extensions" como regra geral.

Porém, essa preferência pode gerar confusões, já que alguns arquivos a ignoram na cara dura. Por exemplo, se você criar um arquivo TextEdit enquanto a regra é "mostrar as extensões", esse documento sempre mostrará sua extensão, mesmo que as configurações gerais do Finder determinem que ele faça o oposto. O porquê disso é um mistério.

Além disso, algumas extensões de arquivos - como .html - vão sempre aparecer, a menos que você as mude na janela de Info ou simplesmente renomeando no braço. Mas, ao fazer isso, uma mensagem pergunta se você realmente sabe o que está fazendo, pois a alteração pode fazer com que o documento seja associado ao programa errado. O que nos leva à seguinte pergunta: por que tanta confusão em torno desse assunto, já que o método original do Mac OS é mais moderno e tem preferência sobre o do Unix? Se a questão está relacionada à troca de arquivos entre plataformas, seria melhor deixar que os programas resolvessem isso colocando automaticamente a extensão apropriada nos arquivos salvos, seguindo o exemplo do Photoshop e meia dúzia de outros aplicativos bem-comportados. Mas vá convencer os engenheiros da Apple disso...

Nem tudo é ruim em se tratando de extensões, porém. Se algum arquivo não quiser abrir no programa certo, é só dar Show Info, selecionar "Open with Application" no menu pop-up e clicar no ícone do aplicativo para escolher um outro. Dá para mudar a associação somente para o arquivo em questão ou para todos os que tenham a mesma extensão. Isso é algo que não se poderia fazer no Mac OS 9 sem usar um programa específico para editar os atributos de Type e Creator.




Vale quanto pesa?

Tudo bem; depois de ler sobre tantas inovações, é bem provável que você não tenha chegado a uma conclusão definitiva sobre se vale ou não a pena adotar o OS X agora. Na verdade, não há muitas razões para não dar uma chance a ele (ver o box "Vou ou não vou?"), que tem uma série de vantagens em relação a outras atualizações de sistema históricas - e, às vezes, traumáticas - da Apple. Isso porque o OS X é instalado à parte e sempre é possível iniciar a máquina tanto a partir do Mac OS 9 quanto do 10.1. Sem traumas.

Além disso, não se pode negar o fato consumado: o OS X é o futuro inevitável do Mac. Postergá-lo não vai ajudar em nada. Em breve, a maior parte das empresas só estará lançando programas "carbonizados" e quem não estiver com o X em dia ficará comendo poeira. Mas, por enquanto, não precisa sentir-se envergonhado de seu Mac OS 9. Quando você achar que é o momento certo, siga o caminho dos tijolos amarelos, ou melhor azuis.

Márcio Nigro