O Peru; Tem um Psicanalista na Nossa Cama; Meus Prezados Canalhas. Não há dúvida de que a comédia conta com um lugar de destaque na trajetória teatral de Angela Vieira, ainda que a prioridade ao gênero não tenha sido uma opção. De qualquer maneira, a atriz vem passeando por diferentes registros de humor e a experiência de O Matador de Santas é nova em sua carreira. O espetáculo dirigido por Guilherme Leme a partir de texto de Jô Bilac (dramaturgo dos bem-sucedidos Cachorro!, Rebú e Savana Glacial) traz a atriz interpretando uma personagem melodramática. Jorgina vive com o marido, Baltazar (Tonico Pereira), e a filha, Queridinha (Izabella Bicalho), num pequeno apartamento, e suspeita que seu vizinho (Rafael Sieg) seja um assassino, conhecido como "O Matador de Santas".
Ao longo dos anos, você participou de muitas comédias no teatro. O humor foi uma opção?
Não foi uma escolha. Simplesmente aconteceu dessa forma. Engraçado que tive poucas oportunidades de fazer humor em novelas de televisão.
E como entende o registro de humor em O Matador de Santas?
Jô Bilac propõe uma mistura de gêneros: mescla influências de Samuel Beckett, do romântico renascentista e do melodrama. Ele permite uma viagem a Guilherme (Leme), que é um artista plástico, dono de uma estética bastante apurada.
Você acha que o melodrama sobrevive ainda hoje como gênero? Dá para levá-lo a sério?
Temos bons exemplos de espetáculos realizados a partir do gênero, como Melodrama (da Cia. dos Atores) e A Maldição do Vale Negro (da Caravana Produções), de Caio Fernando Abreu e Luiz Arthur Nunes. É interessante de ver quando levado às últimas consequências. Não cabe sublinhar o humor. E dá para fazer o melodrama com seriedade. Quando bem estruturado, não resulta em déjà vu.
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Angela conta que a experiência como bailarina às vezes atrapalha em cena |
Você tem formação de bailarina, foi do corpo de baile do Theatro Municipal. Essa experiência influencia no seu trabalho de atriz?
Sim. E, às vezes, me atrapalha. A dança é baseada na repetição, até que o movimento esteja plasmado em você. Quando dançamos, pensamos em criar movimentos agradáveis para quem vê. Em O Matador de Santas, faço um trabalho de corpo direcionado e a bailarina acaba aparecendo de uma forma que não é conveniente. Estou sendo obrigada a empreender uma desconstrução do condicionamento estético.
Como foi participar de Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo, novo filme de Hugo Carvana?
Carvana é símbolo do cinema brasileiro. Queria muito ter participado de Bar Esperança, O Último que Fecha (1983). Naquela época, estava começando minha carreira. Então, quando ele me chamou, aceitei antes mesmo de ler o roteiro. Sonhava em trabalhar com Carvana, do mesmo modo que com Herval Rossano na televisão. E lamentei não ter sido dirigida por Walter Avancini.(16 anos)
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