



BAZ LUHRMANN dirigiu apenas quatro filmes em 16 anos de carreira. Estréia agora o quarto e mais ambicioso deles, o épico Austrália, grandioso em produção, em duração (165 minutos) e em pretensão. Luhrmann, que é australiano, revelou-se com o simples e gracioso Vem Dançar Comigo (1992) - que já indicava seu gosto pela livre movimentação de câmera -, adquiriu status cult com a versão estilizada de Romeu + Julieta (1996), estrelada por Leonardo DiCaprio e Claire Danes; e arrebatou com o vibrante musical romântico Moulin Rouge! (2001), com Nicole Kidman e Ewan McGregor, indicado ao Oscar de melhor filme.
Luhrmann repete agora a parceria com sua conterrânea Nicole e escala o galã Hugh Jackman (o Wolverine, de X-Man), também nascido na Austrália, para realizar uma superprodução em torno do espírito e da identidade daquele país. Ambientado na virada das décadas 1930/40, o filme se divide em duas metades: a primeira lembrando um faroeste clássico e a segunda, um drama de guerra. Em ambas, permeiam tanto a tensão sexual e depois romântica entre a mimada lady Sarah Ashley (Kidman) e o rústico capataz (Jackman), quanto a questão real da chamada geração perdida, as crianças mestiças (de homens brancos e mulheres aborígines) rejeitadas pela sociedade.
O filme tem suntuosas imagens e desenho de produção da habitual parceira Catherine Martin. O diretor abusa da tecnologia para oferecer um espetáculo bemhumorado e cheio de intrigas. Pena que o roteiro, coescrito pelo próprio, tenha a densidade dramática e psicológica de um novelão mexicano. Personagens e situações transitam entre o clichê e a caricatura. E em sua ânsia de agradar, Luhrmann se torna apelativo, a ponto de fazer constante uso sentimentalóide da canção "Over the Rainbow", de O Mágico de Oz (1939).
(12 anos) Christian Petermann