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"O primeiro sentimento do DJ é o prazer. Quando ele gosta da música, sente tanto prazer que quer que os outros sintam também", ensina Michel Saad, no sofá do Buddha Bar, do qual é sócio |
Uma década se passou desde a primeira vez que Michel Saad colocou os convidados de uma festa para dançar. "Levei uma caixa de papelão, montei meu equipamento, que era péssimo, e toquei de graça", lembra ele, que estreou tocando no aniversário de uma amiga. A pick-up de segunda mão apoiada sobre uma improvisada bancada é uma distante recordação do bem-sucedido DJ paulistano de 32 anos. Mas no que diz respeito ao estilo musical, ele sabia que estava no caminho certo. "Eu tinha 22 anos e o som era praticamente o mesmo que toco hoje. Ainda tenho aqueles discos e posso fazer tudo de novo", diz. A mistura de referências do jazz e do soul com as modernas batidas eletrônicas virou a marca registrada de Michel e o colocou entre os maiores nomes da cena eletrônica brasileira. O interesse pela discotecagem começou durante uma viagem de estudos em Londres Na capital inglesa ele descobriu o universo dos DJs e os clubes em ascensão na época. "Havia encontrado o meu caminho", conta ele. Formado em engenharia civil, Michel chegou a trabalhar no ramo da construção antes de descobrir sua verdadeira vocação. A paixão pela música foi despertada em casa, por influência dos pais, que costumavam ouvir discos de ícones da música negra americana como Marvin Gaye, Diana Ross, Stevie Wonder e Quincy Jones. O lado DJ também começou cedo, ainda na infância. Aos nove anos, sua diversão era gravar fitas cassete com suas músicas preferidas e montar equipamentos de som. "Me lembro muito bem quando ganhei o vinil de Thriller, do Michael Jackson. Escutava aquilo o dia inteiro", lembra ele, que também costumava ouvir clássicos do jazz como Ella Fitzgerald. "São as minhas raízes na música e acredito que o house que conhecemos hoje veio muito disso. Foi uma espécie de evolução da era disco dos anos 70."
Michel não fica apenas atrás das pick-ups. Ele também é um bem-sucedido empresário da noite paulistana. Sócio do clube Disco e do Buddha Bar, ele inaugura, no início de 2009, o Terrasse, um bar e restaurante no estilo mediterrâneo. Além disso, comanda sozinho a agência MS3, que já trouxe mais de 20 nomes importantes da musica eletrônica para o Brasil. "Conheço DJs respeitados como Dennis Ferrer e Grant Nelson, mas o meu preferido, sem dúvida, ainda é um brasileiro. O DJ Marky é muito bom, fico até arrepiado só de lembrar", diz Michel, que já dividiu as pick-ups com o ídolo. Para ele, um bom profissional das pick-ups é aquele que cria uma história na pista, com uma atmosfera única em que todos entram no clima da música e vibram com as batidas. "O primeiro sentimento do DJ é o prazer. Quando ele gosta da música, sente tanto prazer que quer que os outros sintam também. É este o segredo", revela o rei das pistas de dança.