
Mensageiro
da Paz
Funk carioca de raiz volta com força total
em CD de
Gerson King Combo
Paula
Alzugaray
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King
Combo: disco novo depois de 23 anos sem gravar |
Quando
surgiu nos anos 70, como porta-voz do mítico Movimento Black
Rio, Gerson King Combo redigiu de próprio punho os dez mandamentos
da cultura negra. Vinte e três anos depois de lançar
seu segundo e último LP, Combo volta à cena musical
para colocar em prática seus Mandamentos Black
e mostrar como se faz o autêntico funk brasileiro.
Seu
mandamento número um, Dançar, é
exaltado da primeira à última faixa do CD Mensageiro
da Paz. Aos 56 anos, Gerson Combo continua produzindo um balanço
funknsoul de alta qualidade, com fidelidade à
matriz norte-americana e genuíno sotaque carioca
da Praça Mauá. Munido dos ótimos
arranjos da banda Clave de Soul e bem acompanhado por um coro feminino
de alcance gospel, Combo não mistura samba com soul
para ele, os ritmos são como azeite e vinagre.
No
contra-fluxo da tendência de miscigenação musical,
o compositor mantém-se fiel à origem soul. Desse território,
só abre guarda para o beat afro de Força e Poder,
com participação de Tony Garrido, do Cidade Negra,
e para um canto com ginga rap na balada romântica Brigas.
Conhecido
por discursar sobre a base melódica do funk conquistando
daí o título de precursor do rap nacional ,
King Combo continua colocando seu funk nervoso a serviço
da mensagem. Seu quinto mandamento, Falar como fala um black,
é seguido à risca no discurso conciliatório
de suas letras. A pregação da paz e da tolerância
só muda de tom em Desce Daí, na qual ataca
o preconceito e dirige-se frontalmente aos neonázis e pit
bulls carecas. Puro, sem misturas
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