
Dicionário
Palavras
sem Fronteiras
Diplomata conta a história das palavras em diversos idiomas
Francisco
Viana
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“Existe
sempre uma língua que domina a outra: o grego, o latim, o francês,
o inglês...”, disse certa vez o escritor, lingüista e semiólogo
Umberto Eco. O diplomata e historiador Sérgio Corrêa da Costa, em
Palavras sem Fronteiras, parece sugerir exatamente o contrário:
as línguas são tecidos vivos que se reconstituem sem cessar e, fora
desse saudável intercâmbio, estão condenadas a desaparecer.
Foi
o que aconteceu com o Latim, em cujo vocabulário até recentemente
não constavam sequer expressões de uso corrente como cigarro, conta
corrente, e-mail, juros e bomba atômica. O foco de Corrêa da Costa,
porém, são as palavras, 16 mil ao todo, que fazem florescer uma
espécie de dialeto global ao misturar inglês, francês, espanhol,
russo, português ou japonês, e assim sucessivamente.
A pesquisa,
pioneira, foi feita basicamente em revistas e jornais. Nela, consta,
por exemplo, que a palavra ketchup já era conhecida dos romanos
três séculos antes de Cristo, que existem 2.600 termos para designar
a embriaguez e que a América portuguesa e espanhola é fonte de exportação
de palavras exóticas. Uma delas, “tomate” foi tema de polêmica na
França e só caiu na boa graça da população após a revolução de 1789.
Corrêa
registra, por outro lado, que a língua inglesa “devora com avidez
palavras de todas as origens”. E, quando faltam palavras, os ingleses
inventam. Exemplo, a palavra hominist nasceu para fazer contraponto
com feminist. Uma obra deliciosa com uma conclusão substantiva:
a diversidade de línguas é uma riqueza, ligada à essência humana.
O sabor da sopa de letras
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