
Cinema
CARLA
CAMURATI
A
mãe de Copacabana
Diretora de Carlota Joaquina, marco no renascimento do cinema
nacional, a cineasta finaliza filme rodado no bairro carioca e,
depois de três casamentos, planeja engravidar
Márcia
Montojos
Leandro
Pimentel |
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Aos
40 anos, ela quer ser mãe e não pode esperar muito |
Faz
oito anos que Carla Camurati se mudou da frente para trás
das câmeras, trocando uma consolidada carreira de atriz pela
nova função de diretora. Nesse período, dirigiu
dois filmes, Carlota Joaquina e La Serva Padrona.
O primeiro, visto por mais de um milhão de espectadores,
é considerado por muitos como o marco do ressurgimento do
cinema nacional.
Prestes
a finalizar seu terceiro longa-metragem, Copacabana, com
estréia prevista para 2001, ela se prepara para um novo desafio,
desta vez na vida pessoal. Quero ser mãe e sei que
com 40 anos não posso esperar muito, diz Carla, que
pretende engravidar depois da estréia do filme.
Sempre
procuro o equilíbrio e acho que estou pendendo muito para
o trabalho e esquecendo a mulher, diz ela, hoje com 40 anos.
Vou carregar o bebê comigo para onde for, assim como
fazem as índias.
Ela
prefere guardar segredo, porém, sobre o nome do pai. Só
adianta que está namorando há algum tempo e
muito feliz . Carla foi casada com o músico Zé
Renato e com os atores Paulo José e Thales Pan Chacon, que
morreu aos 41 anos, de aids.
Antes
e durante a entrevista concedida à Gente, em
sua produtora, no Jardim Botânico, a atriz pediu ao secretário
que providenciasse cigarros de Bali. Entre goles de café,
a estrela de novelas como Fera Radical e Livre para Voar
contou que mantém até hoje a amizade com Paulo José.
Foi ele que me incentivou na direção,
diz. Quando pensa em Pan Chacon, com quem se relacionou durante
seis anos, tem uma certeza: Ele foi para o céu literalmente,
virou uma estrela.
O sonho
da maternidade não tirou o pé de Carla do acelerador.
Ela pretende produzir um filme sobre o rio São Francisco
e dirigir uma ópera, que tem o nome provisório de
Ária, no segundo semestre de 2001. Por enquanto, suas
atenções estão voltadas para Copacabana.
A veterana atriz Laura Cardoso, integrante do elenco, elogia o desempenho
de Carla como diretora. Ela é inteligentíssima
e generosa. É um prazer trabalhar com ela.
O avô
paterno, Enrico Camurati, que foi confeiteiro do luxuoso Hotel Copacabana
Palace nos anos 60, inspirou um dos personagens. Carla recorda que,
nesse período, ela e a irmã Carina, dois anos mais
nova, passavam os fins de semana ao lado do avô. Íamos
impecáveis, com laços de fita e sapatos de verniz,
mas não saíamos da cozinha, conta. Éramos
as provadoras oficiais de doces como barquetes e marzipãs.
Leandro
Pimentel |
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O
avô paterno inspirou um dos personagens do filme |
Carla
cuida da saúde, segue uma dieta que não mistura açúcar
com gordura, mas diz que a chegada da maturidade não a assusta.
Não tenho interesse em ser gostosa, diz ela,
que foi capa da Playboy duas vezes.
Longe
da televisão desde 1992, quando participou da série
Grande Pai, no SBT, Carla não descarta a possibilidade
de voltar a atuar. Adoro ser atriz, afirma.
O longo
hiato é creditado à falta de tempo para se dedicar
a uma personagem. No dia que surgir uma boa oportunidade eu
volto, afirma Carla, que acumula prêmios como um Molière
pelo filme A Estrela Nua, em 1985, e o de melhor atriz por
Pagu em 1988, no Festival de Gramado.
A profissão
de atriz surgiu por acaso. Ela estava insatisfeita com a faculdade
de Biologia quando viu o anúncio de um curso de teatro ministrado
por Buza Ferraz numa padaria. Não pensou duas vezes e atirou
dois livros e três cadernos na lata de lixo. Tomei uns
oito cafés pensando naquela decisão e fui embora,
conta.
Incentivada
por Paulo José, na época seu marido, começou
a investir na carreira de diretora com curtas-metragem. Logo no
primeiro, A Mulher Fatal Encontra o Homem Ideal, de 1987,
arrebatou vários prêmios, inclusive o de melhor filme,
no Rio Cine Festival.
Do
primeiro longa, Carlota Joaquina, ela guarda recordações
que vão além do reconhecimento de crítica e
público. Como também era a distribuidora do filme,
Carla ligava para os cinemas em que a fita estava em exibição
para se informar sobre a bilheteria de cada sessão.
Foi
assim durante meses, até que os papéis de inverteram
e os gerentes das salas começaram a telefonar para dar notícias.
Dona Carla, estamos ganhando do Máskara,
ouviu algumas vezes. Um dia, um deles pediu que adivinhasse quem
estava assistindo ao filme, dando a dica de que era a pessoa mais
improvável que ela pudesse imaginar. Roberto Marinho,
respondeu. Acertou.
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