
Política
Recesso
maternal
A deputada federal Rita Camata amamenta o pequeno Bruno de três
em três horas e planeja lutar pelas gestantes quando retornar ao
Congresso Nacional
Cecília
Maia
Felipe
Barra |
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“Ter
um filho depois de tantos anos está sendo bárbaro”, diz a deputada
do PMDB-ES |
Quando
chegou ao Congresso Nacional em 1987, ela era uma das mais jovens
e belas deputadas constituintes. Rita Camata (PMDB) causou frisson
no cenário político do País. Estava no
auge de seus 25 anos, olhos verdes, cabelos claros e um ligeiro
olhar inocente.
Esses
foram os atributos que lhe garantiram o título de musa do
parlamento brasileiro. Tudo
era festa em cima da capixaba de Conceição do Castelo,
casada com o ex-governador do Espírito Santo e agora senador
Gerson Camata. Mas poucos acreditavam no futuro político
daquele rosto lindo.
Hoje,
13 anos depois da estréia, ela superou as desconfianças
iniciais, cumpre seu quarto mandato de deputada federal e é
coordenadora da frente parlamentar pela criança e pelo adolescente.
É
do alto dessa segurança profissional e da maturidade de uma
mulher de 39 anos que Rita Camata se deu ao luxo de ser mãe
novamente exatos 14 anos após o nascimento da primeira
filha, Enza Camata. No dia 15 de agosto, em Vitória, nasceu
Bruno David Paste Camata, com 50 centímetros e 3,6 quilos.
Ter um filho depois de tantos anos está sendo bárbaro.
Sinto-me mais estabilizada emocional, pessoal e profissionalmente,
o que deixa tudo mais tranqüilo, confessa.
Ela
faz questão de cuidar pessoalmente do bebê, apesar
do pequeno exército de empregados, babá e enfermeira.
São dois banhos por dia e muitas trocas de fraldas. O garoto
mama de três em três horas. Rita tenta descansar no
intervalo das mamadas. Nas poucas vezes em que saiu de casa, a deputada
levou o bebê ao pediatra e para tomar duas vacinas.
Felipe
Barra |
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Gerson,
Rita e Enza: família unida em torno do pequeno Bruno |
Distante
do plenário que tornou-a conhecida nacionalmente, Rita evita
lembrar do tempo em que era noticiada apenas pela sua beleza. Provei
a todos com muita luta e trabalho que eu não era apenas uma
moça bonita brincando de política. Eu tinha um propósito
e ainda tenho. Foi
também com esforço e dedicação que se
desvencilhou dos boatos que atormentaram sua trajetória.
Seu
nome sempre esteve ligado a vários e supostos
casos extraconjugais. Eu me impus, afirma. Se
algum colega se aproximava com segundas intenções,
não era assim que eu encarava. Ao contrário, os que
se aproximaram me ajudaram muito, me deram dicas e me ensinaram
a lidar com o Congresso, conta, lembrando-se do falecido senador
João Calmon ele me tinha como uma filha, estava
sempre me ajudando e do ex-deputado Fernando Lyra. Ele
sempre me dizia: Rita, primeiro é preciso ser conhecida
nacionalmente para depois conquistar o Estado.
Apesar
de encantada com o rebento, a deputada já projeta o regresso.
Quando voltar à Câmara dos Deputados, ela pretende
colocar vários projetos em prática. Ela antecipou
a pauta a Gente. Na época da gravidez, a parlamentar
sentiu na pele o drama de tantas mães que, por conta de uma
alteração na lei da licença maternidade, são
obrigadas a enfrentar filas na porta dos postos do INSS para conseguir
receber o salário. Antes essa responsabilidade era
das empresas, agora são as próprias mulheres que têm
de dar a entrada nos papéis junto ao INSS para receber o
benefício, critica. Rita
quer reverter essa situação.
Outro
ponto da sua agenda política é o programa governamental
do pré-natal. Vi o quanto é fundamental para
a gestante e para o filho o atendimento do pré-natal. É
preciso haver garantias desse atendimento para todas as mulheres,
e muitas neste País ainda estão excluídas do
programa, explica.
O
ideal de Enza Camata |
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“Não
quero fazer carreira política”,
avisa a filha de Rita Camata |
Não
bastasse a beleza que sobressai com os olhos azuis e os lábios
carnudos, Enza, 14 anos, ainda carrega um sobrenome dos mais
conhecidos. Filha de Gerson e Rita Camata, a adolescente tinha
tudo para ser uma menina mimada e deslumbrada. Não é. Veste-se
com simplicidade, tem seus paquerinhas na praia do Canto em
Vitória, é obediente e boa aluna, daquelas que gostam de tirar
notas 9 e 10. “Matemática não é o meu forte, prefiro história”,
garante a garota, que avisa: “Não quero fazer carreira política.
Eles trabalham muito, às vezes até de madrugada naquelas sessões
do Congresso".
Estudante, está na oitava série e ainda não se decidiu sobre
o futuro. Pensou em fazer veterinária, mas desistiu ao descobrir
que abrir o corpo dos animais fazia parte da atividade profissional.
Atualmente, fica na ponte-aérea entre Brasília, onde mora
e estuda, e Vitória, local em que passa os finais de semana.
“Sempre quis ter um irmão. Agora o que eu mais quero é ser
a melhor amiga dele.” Enza confessa que tem a mãe ideal. “Ela
é linda e inteligente, uma das pessoas mais importantes na
defesa das crianças desse País”, explica, numa declaração
que comprova que ela pode até não se candidatar, mas certamente
tem a política no sangue.
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