
Televisão
Chapeuzinho
come o lobo mau
Na luta entre a simpática e a antipática, Elaine de Melo e Andréa
dos Santos se enfrentam no desfecho de No
Limite
Vivianne
Cohen e Rodrigo Cardoso
Divulgação
/ Silvana Garzaro |
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As
cabelereiras Elaine e sua mãe, Marli: como na tevê,
obstáculoslos
da vida real foram superados com paciência e carisma
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As
28 milhões de pessoas que assistirem domingo 10 ao No Limite
não verão só o aguardado desfecho. Após acompanhar as agruras dos
concorrentes, constatarão que opostos nem sempre se atraem. Irão
se deliciar com o confronto entre o imaginário do bem e do mal,
da gorda e da magra, da simpática e da antipática. Elas são representadas
pela cabeleireira Elaine Cristina de Melo, a provável vencedora,
e a advogada Andréa Baptista dos Santos. Ambas monopolizaram atenções
e se enfrentam ao lado de Pipa e Juliana, respectivamente. A seguir
as histórias de suas vidas:
Em
abril, uma funcionária da Rede Globo que fazia a mão
no salão Lofficiel, em São Paulo, tentou iniciar
um bate-papo com a cabeleireira Marli Patrícia Melo, de 55
anos. Marli, atarefada, não lhe deu atenção
e disse que a filha, Elaine Cristina Cosmo de Melo, 35 anos, também
funcionária do salão, estava desocupada e poderia
atendê-la. Pois a sorte chegou até Elaine. Quatro meses
após aceitar a proposta da moça da Globo
e encarar a competição numa ilha no nordeste do País,
tornou-se finalista do No Limite e, se realmente vencer,
ganhará R$ 300 mil 150 vezes mais do que recebe por
mês picotando cabelos doze horas por dia. O prêmio inclui
um carro zero. As portas se abrirão para Elaine,
sonha a mãe.
Desde o início de agosto, com o fim das gravações,
Elaine, o marido Salomão Santos, 38 anos, vendedor de cartelas
de bingos, e as filhas Manoela, 9 anos, e Letícia, 4, estão
hospedados em um hotel de luxo com endereço mantido em segredo
pela Globo. Sua rotina nem de longe lembra a casa simples com sala
e dois quartos, na zona oeste de São Paulo. Ela está
comendo lagosta e camarão e anda com segurança para
cima e para baixo, conta sua mãe. Elaine almoçava
no salão a comida que levava de casa. Foi assim desde os
13 anos, quando deu as primeiras tesouradas.
O
início precoce sacrificou a adolescência. Aos 10 anos,
era dona-de-casa. Trocou as bonecas pela criação da
irmã, Patrícia, enquanto a mãe trabalhava.
Nas aulas, era comum vê-la cochilando. Ela parou na
7ª série, lamenta Marli. Até hoje
acho que não sabe tabuada. Aos 20 anos, perdeu o pai
num acidente de carro. Como na tevê, Elaine superou obstáculos
da vida real com paciência e carisma. Sempre foi querida
pela vizinhança, conta o primo Marcelo Donizetti. A
Andréa é altamente temperamental e chata. Se pudesse,
pulava no pescoço dela via Embratel.
Elaine
deixa o esconderijo nas próximas duas semanas. Em casa, a
prova de fogo será fugir das baratas e lagartixas, das quais
morre de medo. Marli revela que a filha pensa em retirar parte do
estômago numa cirurgia. Ela soube que minha sobrinha
perdeu 20 quilos assim e se empolgou, afirma. Mas Elaine,
que já perdeu 12 dos 90 quilos na gravação
do programa, não precisa entrar em paranóia. É
o que pensa sua mãe: Ela sempre foi uma gorda feliz.
Divulgação
/ Reprodução |
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A
advogada carioca Andréa ao lado da mãe, Vivian, em 1998: "Para
vencer, ela passava por cima de tudo e de todos.” |
DETERMINADA
ANDRÉA
Antes de embarcar para o Ceará, a advogada Andréa
Denise Baptista dos Santos, 29 anos, queria ser juíza e comprar
um apartamento. Quando voltar para casa, na segunda-feira 11, a
semifinalista do programa No Limite não terá
realizado os sonhos.
Mas
a antipatia que cultivou nos telespectadores e adversários
está longe de desanimar a morena de formas esculpidas com
três horas diárias de ginástica. Aproveitará
a fama, diz a mãe, Vivian Denise do Vale Monteiro,
47 anos. Se for convidada, posará nua.
Moradora
de um apartamento alugado em Jacarepaguá, na Zona Oeste,
que divide com o filho Elias Júnior, de 4 anos, Andréa
freqüenta a academia na Barra, vai ao cabeleireiro duas vezes
por semana e usa roupas de grife. Uma semana antes de se apresentar
à produção de No Limite, implantou próteses
de 215 mililitros de silicone nos seios numa clínica na Barra.
Depois da amamentação, ela dizia que o bico
de seu peito estava igual a um bico de chaleira, diz a mãe.
Desempregada
e separada há 3 anos de um comerciante, Andréa sobrevive
da pensão do ex-marido. Formada em Direito, foi bancária
e trabalhava como modelo e recepcionista em eventos. A face individualista
de Andréa na tevê não foi surpresa para a mãe:
Conviver com o ser humano já é difícil
de barriga cheia, imagina de barriga vazia. Abandonada pelo
pai com um ano e oito meses, Andréa aprendeu a se virar.
Se me xingavam, ela partia para cima, conta a mãe.
Para vencer, ela passava por cima de tudo e de todos.
Na
infância, gostava de soltar pipa e jogar bola. Dos 11 aos
15 anos, foi bandeirante. Na adolescência, chegava em casa
depois da hora. A vitória de Elaine é dada como certa
por Vivian, mas não está sendo tolerada: A Elaine
não me convence. Ninguém pode ser tão boazinha
assim.
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