
Música
Cantora,
quase por acaso
Mônica Salmaso, que conquista seu espaço na MPB, começou a carreira
de cantora em uma peça de teatro quando fazia cursinho para jornalismo
Edwin
Paladino
Foto:
Helcio Toth
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“Ela
tem maturidade. É uma das maiores artistas da nova geração
no Brasil”, elogia o compositor Edu Lobo.
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Estudante
de cursinho para o vestibular de jornalismo, Mônica Salmaso,
hoje com 29 anos, quase não acreditou quando recebeu em sua
casa, no bairro do Itaim, em São Paulo, um telefonema do
então já consagrado diretor de teatro, Gabriel Vilela.
O ano era 1989 e ele a queria para interpretar o papel de uma cantora
na peça Consílio de Amor, que estrearia em
dois meses. No dia seguinte, lá estava ela no teatro, tímida
como uma criança perdida. Mas foi só começar
a cantar e uma paz imensa tomou conta de seu corpo. Eu tinha
boa voz, vivia dando canja entre amigos, mas não via como
isso poderia virar profissão. Quando Gabriel me deu o texto
da peça, com a minha participação grifada,
vi que estava mudando de rota, conta. Gabriel Vilela a descobriu
por indicação da atriz Rosi Campos. Ela soube de seu
desempenho nas aulas de canto da professora Regina Machado. A peça
foi um sucesso e Mônica deu adeus às apostilas de química,
física e literatura.
VOZ
RARA Foi uma época de descobertas. Mônica correu
atrás de pautas musicais e mergulhou na história dos
compositores de samba. Os repertórios de Cartola e Zé
Ketti eram o que seus pais a ouviam cantar. Em 1994, ela se apresentou
com Edu Lobo, no show Circo Místico, no Memorial da
América Latina, em São Paulo. Não acreditei
que estava cantando ao lado de um ídolo, lembra. E
o mestre a aprovou. Ela tem maturidade. É uma das maiores
artistas da nova geração, elogia Edu Lobo.
O primeiro
CD, Afrosambas, com composições de Baden Powell
e Vinícius de Moraes, veio dois anos depois, abrindo caminho
para Trampolim, de 1998, e Voadeira, de 1999. Em shows
para um público pequeno, Mônica foi conquistando espaço
com seu timbre mezzo contralto mezzo soprano, entre
o grave e o agudo. É uma voz considerada rara por equilibrar
o erudito com o popular. Seu último disco entrou para a lista
dos melhores do ano passado da APCA (Associação Paulista
dos Críticos de Arte) e ela foi eleita como a melhor voz
feminina no concurso Eldorado/Visa 1999 de MPB. De uma beleza clássica,
a cantora está sem namorado, mas planeja ter filhos. Não
agora, viajo muito e isso atrapalharia a vida das crianças,
diz ela, que está de malas prontas para uma excursão
pelo sul do País.
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