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Capa
Camila
pitanga e canela
Luciana
de Francesco
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Sônia
Braga: “Não creio numa nova brejeira”. Camila:
“Talvez por eu ter feito uma índia, a comparação
possa estar mais forte”
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A
carreira de Camila Pitanga começou quase como brincadeira.
Acostumada desde cedo aos sets de filmagem, aos 5 anos
participou do filme Quilombo, de Cacá Diegues, no qual
o pai atuava. Aos 11, foi “clubete” do Clube da Criança,
apresentado por Angélica na extinta Rede Manchete. “Adorava
comandar as crianças, me sentir mais velha”, lembra.
O pai a apanhava na escola para levá-la ao estúdio.
“No caminho, ou então durante a maquiagem, ela comia
um sanduíche”, conta Antônio Pitanga. “Ela passou de
cara no teste. Tinha um jeitinho especial com as crianças”,
recorda-se a irmã e empresária de Angélica, Márcia Marba.
De lá, Camila foi para o curso Tablado, onde estudou
teatro por quatro anos.
“NÃO
SEI BEIJAR”
A
intimidade com os sets não subiu à cabeça da atriz.
Aos 14 anos, ela se recusou a fazer um teste na Globo.
Desistiu depois de se informar que interpretaria uma
mulher grávida. Sem pestanejar, disse ao diretor que
não poderia incorporar o personagem, para espanto de
seu pai, que a acompanhava. “Disse a ele: Você me desculpa,
mas não sei beijar, nunca tive namorado e não posso
fazer esse teste.” Depois, telefonou para o mesmo diretor,
convidando-o a assisti-la na peça Gata Borralheira,
no Tablado, na qual interpretaria a madrasta.
No
ano seguinte, foi aprovada para a minissérie Sex Appeal.
Dois anos depois, já estava na novela das oito, Fera
Ferida, que lhe deu súbita notoriedade. Em vez de se
deleitar com o sucesso, a exigente Camila passou por
uma crise. “Comecei a me exigir mais. Meu superego é
danado”, diz. Logo passou a receber convites para desfilar
como modelo. Um deles garantiu a Camila fotos estampadas
nas primeiras páginas de todos os jornais no dia seguinte.
Ela entrou na passarela apenas com um shortinho, cobrindo
os seios com as mãos. “O intuito não era explorar isso,
o desfile tinha um caráter performático”, diz. “Para
mim, foi natural.”
Nudez
nunca foi tabu para a atriz. Não pretende posar para
revistas masculinas - já recusou uma proposta - mas
não descartaria ficar nua em cena, se necessário. “Depende
do papel. O personagem tem que ser lido dentro de um
texto”, explica. Em casa, Camila e o irmão caçula, Rocco,
hoje com 19 anos, andavam sem roupa, hábito também cultivado
pelo pai. “Tínhamos tanta liberdade em casa que andávamos
todos nus quando eles eram pequenos”, conta Antônio
Pitanga. Os dois foram morar com o pai desde que ele
se separou da atriz e modelo Vera Manhães, 49 anos.
Na ocasião, Pitanga tinha melhor condição financeira.
“Ele tinha condições de dar uma educação melhor para
eles”, confirma Vera, que mora em Itaipuaçu, em Niterói
(RJ). Recentemente, Camila deu um celular para a mãe
que, quinzenalmente, costuma passar dias em seu apartamento,
no Leblon, Zona Sul do Rio.
Única
mulher da casa, Camila por vezes assumiu o papel de
mãe. “Ela sempre foi uma mãezona pra mim”, diz Rocco,
também ator. “Ela me defendia na escola e, se alguém
mexesse comigo, sempre me protegia”, conta. “Decidi
ser ator quando a vi atuar em Ilíada, dirigida por Hamilton
Vaz Pereira.” O namorado, o diretor de fotografia Vitor
Amati, 32 anos, que conheceu Camila na gravação de um
filme publicitário estrelado por ela, respalda sua vocação
materna. “Ela demonstra seu lado de mãe quando está
com meu filho, de dez anos”, diz. Na infância, Camila
também desempenhava eventualmente tarefas domésticas.
Uma vez caiu e cortou o queixo lavando o chão da cozinha.
Seu pai a levou para o hospital e, ali, aos 11 anos,
a menina perdeu o medo de injeção. “Desde então, nunca
mais se recusou a tomar injeção”, conta Antônio Pitanga.
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