Três anos atrás, a Escola Parque, de
ensino regular, na Gávea, deu aos estudantes
da segunda série a tarefa de escrever uma história.
Maria Cristina de Orleans e Bragança extrapolou.
Mesclou personagens reais com imaginários e
se colocou no centro de uma disputa amorosa entre
o herói, o cantor Alexandre Pires, e o vilão,
o também cantor Daniel. Orgulhosa, encenou
o enredo para os amigos e para a família –
formada pela mãe, a arquiteta Stella de Orleans
e Bragança, o pai, o príncipe Dom João
de Orleans e Bragança, e o irmão, João
Phillipe. Entusiasmada com a motivação
da caçula, Stella teve a idéia de transformar
o trabalho escolar em livro. Passados três anos,
a WVA Editora, que participa de projetos de inclusão
social, lança Cartas de Amor (27 págs.,
R$ 20), o primeiro romance de uma princesinha com
síndrome de Down e nem por isso menos talhada
para as letras.
Maria Cristina gostou tanto da experiência
que pretende repetir. “O próximo será
sobre minha cachorra Siwa”, anuncia, com a shitsu
malhada no colo. Inspirações não
lhe faltam. Certa ocasião, promoveu uma festa
do pijama em casa. Terminada a folia, debruçou-se
sobre os papéis e escreveu uma história
inspirada na bagunça – com a qual homenageou
as amigas no final do ano. “Ela tem uma memória
incrível, lembra-se de detalhes que passam
despercebidos. Maria Cristina encontrou na escrita
uma forma de se expressar”, observa Stella.
Aos 16 anos, vaidosa (adora vestidos), gulosa (saboreia
como ninguém um prato de arroz, feijão,
purê de batata e carne moída) e com uma
rotina ativa (tem aulas de canto, natação
e equitação), Maria Cristina põe
em prática diariamente a teoria da mãe:
a de que “o mundo é de todos, inclusive
dela”.