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Por
onde anda
A
miss que explicar Freud
A ex-miss Universo Martha Vasconcellos estudará
Psicologia em Boston para exorcizar o mito da moça
que lia O Pequeno Príncipe
Gerson
de Faria
Foto: Valter Pontes
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Martha
em sua cobertura, em Salvador: "A beleza inibe
o desejo", filosofa a ex-miss, que recebe cantadas
até pelo celular |
Depois
de 14 anos que duas polegadas no quadril tiraram a coroa
da baiana Marta Rocha como miss Universo, em 1954, sua
conterrânea Martha Vasconcellos foi eleita a mulher
mais bela do planeta. Era a segunda vez que uma brasileira
levava o título a primeira foi a gaúcha
Ieda Maria Vargas, em 1963. Aos 51 anos, Martha Vasconcelos
vai deixar de novo a Bahia, agora para ganhar o mundo
intelectual. Para exorcizar de vez o fantasma de cinderela
que só lê O Pequeno Príncipe, ela
embarca no próximo mês para Boston, nos
Estados Unidos, onde quer cursar Psicologia. A universidade,
ainda não decidiu.
Ela
estudou Psicologia nos anos 70, mas uma gravidez interrompeu
o curso na Universidade Federal da Bahia. Em 1991, voltou
às teorias de Jacques Lacan na Escola Brasileira
de Psicanálise, que deixou há dois anos.
Vou fazer pesquisa acadêmica, diz.
Matriculou-se num curso de inglês em Boston e
fará um intensivo de informática, antes
de ir. Só sei lidar com celular. Ia ficar
chato chegar lá sem saber mexer em computador.
A
investida não a afastou do universo das misses.
Em dezembro, foi à Colômbia, convidada
pelo governo para ser jurada no concurso de miss Café.
Só aqui os concursos de miss perderam prestígio,
diz. Primogênita de uma família mantida
pelo cacau de Ilhéus, diz que foi miss por rebeldia.
O pai, Ivo de Sá Vasconcelos, após vê-la
coroada, tentou uma ação na Justiça
para impedi-la de morar nos Estados Unidos. Em 1969,
três dias após passar a faixa, Martha se
casou segundo ela, virgem com o empresário
Reynaldo Loureiro, pai de seus dois filhos: Leonardo,
28 anos, e Leilane, 26. Separaram-se 18 anos depois,
por sua relação com seu psicanalista,
Reinaldo Pamponet, encerrada em 1998. Para ela, casamento
nunca mais: Não é coisa pra mim.
Em sua cobertura, onde vive com o filho, administra
imóveis da partilha de bens do primeiro casamento
e se cuida com duas horas diárias de ginástica.
A beleza inibe o desejo, diz. Mas não
escapa de assédios: saca o celular e mostra uma
cantada gravada na caixa postal. Tá ouvindo?
É de um homem casado, diz.
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