No penúltimo dia de novembro, Carolina
Oliveira completou 11 anos. Apesar de ser seu aniversário,
não fugiu da prova de Português –
ela acaba de completar a 5ª série. “Precisei
ler Pollyanna de novo”, diz a menina,
com um sorriso tímido. Durante a tarde, teve
suas compensações: brincou no parque
aquático e comprou seu presente no shopping,
em São José dos Campos. “Eu quis
o Harry Potter e a Câmara Secreta.
Neste mês, minha meta é ler os três
primeiros”, diz a
atriz mirim.
Carolina mostrou talento de gente grande ao protagonizar
as duas seqüências da microssérie
Hoje É Dia de Maria, na Rede Globo,
dirigida por Luiz Fernando Carvalho, sucesso de audiência
e crítica. Ela concorreu ao prêmio de
Melhor Atriz no Emmy Internacional, em Nova York –
onde patinou no gelo e brincou no Central Park. O
troféu foi para a chinesa He Lin. “Eu
entrava no set e me esquecia do mundo de fora. Era
tudo uma grande brincadeira”, conta a garota,
que ficou amiga de Daniel Oliveira e Rodrigo Santoro.
“Procurei respeitar seu mundo, mas dirigindo
suas cenas como se estivesse diante de um adulto lúdico,
capaz de imaginar um universo todo novo a partir de
seus sonhos”, diz Luiz Fernando.
A garota que nunca tinha atuado mudou-se para o Rio durante alguns meses e recebeu aulas de interpretação, expressão corporal, sapateado e canto. “A Carol absorve tudo rápido. Ela é um diamante que precisa ser lapidado”, diz Rose, sua mãe, que abandonou o trabalho como assistente odontológica para seguir os passos da filha e ainda cuidar do caçula Léo, de seis anos. O pai de Carolina é motorista de ônibus.
Foi a sorte que deu um pontapé inicial na
carreira artística da menina. Em novembro de
2003, ela convenceu os pais a fazerem seu book fotográfico.
“Eu fiquei preocupada e perguntei se ela queria
ser artista. Era muito difícil”, diz
Rose. A resposta foi tranquilizadora: “Eu não
tenho nada a perder. Se não der certo, fico
com as fotos”. Dez meses depois, Carolina recebia
o convite para Hoje É Dia de Maria.
“Queria um rosto que revelasse a miscigenação
do nosso País. Uma Maria com traços
caboclos, ora meio asiática, espanholada também,
uns olhos indígenas, uns lábios africanos...”,
diz Luiz Fernando, que enviou dois produtores para
percorrer o Brasil e fazer milhares de testes. “Carolina
mistura uma grande intuição e uma grande
compreensão dos dramas humanos. É uma
menina precoce, mas também predestinada”,
completa o diretor. Em 2006, além de comprar
muitos livros – que antes tinha de pegar na
biblioteca –, Carolina Oliveira deve atuar em
uma novela e aparecer no filme que será criado
a partir da microssérie.
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