Ana
Paula Padrão
por
diógenes campanha
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Quando apresentava
o Jornal da Globo, Ana Paula Padrão viajou
três vezes para o Afeganistão, a primeira delas em
janeiro de 2000 |
O Afeganistão hoje faz parte da minha
vida.” É assim que Ana Paula Padrão
define sua relação com o país asiático
que visitou três vezes na época que apresentava
o Jornal da Globo. A primeira, em junho de 2000,
quando foi tirada a foto acima, na qual a jornalista aparece,
no deserto, com o tradicional véu usado pelas mulheres
muçulmanas. Embora tenha se preparado um ano e meio
para gravar uma série de reportagens no país,
então dominado pelo regime fundamentalista do Taleban,
Ana Paula conta que se surpreendeu ao chegar ao destino.
“Nunca vou esquecer a minha entrada no país.
A impressão visual era muito chocante, foi como entrar
em uma máquina do tempo”, diz. Encontrou um
cenário medieval, onde as mulheres não saíam
de casa, os mercados de rua eram precários e o comércio
formal, praticamente inexistente. Para fazer as matérias,
Ana Paula e sua equipe – o cinegrafista Hélio
Alvarez e a produtora Guta Nascimento – assinaram
um termo se comprometendo a não filmar nenhum ser
vivo (“Ser vivo mesmo, incluindo cachorro”,
frisa ela) sem a permissão do governo, sob penas
que iam de perder as mãos ao fuzilamento em praça
pública. Como filmaram secretamente escolas femininas
clandestinas e centros comunitários para mulheres,
tiveram que fugir da capital Cabul e acamparam duas noites
no deserto. “Em nenhum momento tive medo de morrer,
mas meu maior medo era perder essas fitas”, diz Ana
Paula. Uma situação tensa, definida por ela
como “um perrengue clássico”, mas que
é parte fundamental da trajetória da apresentadora
do telejornal SBT Brasil.
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