Musical
No Jardim
das Delícias
Marisa Orth esbanja humor na volta da banda
Vexame
Ramiro
Zwetsch
Fotos:
Beto Tchernobilsky |
 |
Marisa
em cenário tropical: improviso e música brega
|
Ela voltou!
Maralu Menezes retorna à tevê, depois de ser demitida de sua antiga
emissora, apresentando um novo programa em um novo canal. É isso
mesmo: Maralu é a personagem vivida por Marisa Orth e a tevê é o
alvo da sátira implacável de No Jardim Das Delícias, o novo espetáculo
da banda Vexame, com cenografia e direção de Gringo Cardia.
No Jardim Das
Delícias se passa em um cenário tropical, em referência aos 500
anos do Descobrimento do Brasil, e parodia a gravação de um programa
de auditório. Na estréia, sábado 11, uma falha técnica que comprometia
o áudio dos microfones de Marisa Orth e da guitarra de Fernando
Salém, em vez de atrapalhar, ajudou. O número musical de abertura
foi interrompido e Marisa foi obrigada a mostrar aquilo que tem
de melhor: o dom do improviso. Sem deixar a peteca cair, encenou
um chilique de superstar, maltratando aos berros toda a equipe de
apoio do “programa”.
O espetáculo
tem um repertório calçado em 12 músicas “bregas”, de Wando, Reginaldo
Rossi, Fábio Jr., entre outras. No decorrer do “programa”, Maralu
recebe o galã Cido Campos (com interpretação impecável de Marcelo
Papini), o pastor Malcolm Everson (vivido por Carlos Pazetto) e
o terapeuta João Alberto (Fernando Salém, que também toca guitarra
e assina a direção musical).
O texto – criação
coletiva do elenco – é divertido, mas os momentos de improviso são
sempre os mais hilários. A certa altura, Maralu vai ao público para
debater os problemas sexuais de uma “telespectadora”. Livre das
falas decoradas, Marisa destila sua espontaneidade, a alma do espetáculo.
A tevê vai
ao teatro
Teatro Jardel
Filho (SP)
Av. Brig. Luís Antônio, 884
Ping-Pong
Marisa
Orth
Por que a
banda resolveu voltar?
O número de pessoas que perguntava na rua e na minha página da
Internet sempre foi muito grande. Sempre fizemos sucesso e esse
retorno dos fãs nos deu a certeza de que continuaremos lotando os
teatros.
Quais as
novidades do espetáculo?
Há dez anos, quando montamos a banda Vexame, o panorama musical
e televisivo era muito diferente. Ainda não existia Ratinho, Ana
Maria Braga, banheira do Gugu, sushi erótico. Tudo isso apareceu
de dez anos para cá. E a MPB também mudou. Nunca se tocou tanta
MPB como agora.
O repertório
continua brega?
A gente não gosta de chamar de brega. O nosso repertório é de
MBPBB – Música Bem Popular e Bem Brasileira. Tem novidades como
“Quando Gira o Mundo”, do Fábio Jr., “Paralelas”, do Belchior, e
“Dor de Coração”, do Ritchie.
Você sentia
saudades do teatro?
Estava com muita saudade de sentir o cheirinho da platéia, do
camarim. O Sai de Baixo também tem platéia, mas é diferente do público
de teatro. Aqui o povo paga, lá é tudo grátis. A gente está caprichando
na parte teatral porque queremos que o texto dure.
A peça faz
alguma referência ao Sai de Baixo?
Eu não vou com a cara dessa Magda, andam me confundindo com ela
na rua (diz encarnando a personagem Maralu). Com certeza vão ter
alusões porque muita gente virá à peça atrás da Magda. Mas eu quero
crer que a Maralu é um personagem tão forte, ou mais, do que a Magda.
Por que o
Gringo Cardia foi chamado para dirigir?
Ele já fazia nossos cenários e agora veio dirigir. É alguém de
fora para opinar, já que no elenco somos muito amigos e não temos
mais coragem de falar essas coisas.
|