M.P.B.
Meu lugar
Maria da Paz resgata clássicos nordestinos
com sotaque e afeto
Aluizio
Falcão
O CD Meu Lugar,
da intérprete e compositora Maria da Paz, aprofunda seu envolvimento
com a música nordestina. Desde o primeiro disco, em 1980, quando
gravou a melhor versão existente de “Súplica Cearense” (Gordurinha),
ela vem coerentemente associando trabalho autoral e resgate dos
clássicos de Luiz Gonzaga, Zé Dantas, Humberto Teixeira, Luiz Vieira
e outros soberanos criadores da região.
Agora, depois
de muitos anos de estrada, incluindo cinco vividos na Europa, ela
não fugiu à dicção escolhida na estréia. Meu Lugar pode ser chamado
de uma suíte nordestina. A voz de Maria, cheia de sotaque e afeto,
volta mais uma vez às origens. Há oito magníficas recriações de
Luiz Gonzaga com vários parceiros. O canto da intérprete e os arranjos
de Bira Marques realçam a todo momento a beleza da obra gonzaguiana.
Bira centrou o trabalho em pianos, percussão e cello, recorrendo
poucas vezes à competência de Dominguinhos (sanfona) e Ubirajara
Marques (harmônica). Uma experiência não ortodoxa e com excelentes
resultados.
A compositora
Maria da Paz esbanja afinidade com o gosto popular. Não foi por
acaso que teve tantas músicas gravadas por Chitãozinho & Xororó
e outros campeões de audiência. Ela tem o dom da comunicação instantânea,
sem abrir mão de uma linguagem própria. Flerta ousadamente com o
pop sertanejo, mas permanece fiel às suas raízes. Isso chega ao
ponto máximo na primorosa toada “Coração de Beija-flor”, plena de
sentimento e nordestinidade.
Coerência
e sentimento.
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