Arte
Coleção Brasiliana
Um Brasil que não existe mais ressurge em
obras de viajantes
Luiz Paulo
Labriola
Foto: Divulgação |
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Vista
do Pão de Açúcar tomada da estrada do
Silvestre, do inglês Charles Landseer
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Coleção Brasiliana
reúne pinturas, aquarelas, desenhos e gravuras feitas de 1816 a
1898 por artistas-viajantes e pintores que nunca estiveram no Brasil
ou realizaram seus quadros já fora do País. Há paisagens e cenas
urbanas, retratos e naturezas-mortas, em diferentes estilos e níveis
de sofisticação. Ainda que algumas das 133 obras não sensibilizem
pela qualidade estética, em sua maioria representam, no mínimo,
importantes documentos visuais históricos e geográficos. Muitas
se prestaram à divulgação do Brasil na Europa, num momento em que,
devido à influência do Romantismo nas artes plásticas, na filosofia
e na literatura, havia grande interesse pelo pitoresco e pelo exótico
de uma América inexplorada.
Há pintores
de importância reconhecida. Debret foi pintor da Missão Artística
Francesa no Brasil, fez os primeiros retratos da família real e
organizou em 1829 a primeira exposição de arte no País. Já o alemão
Rugendas destacou a diversidade natural, condensando-a em uma única
paisagem. Por isso foi considerado por importantes cientistas do
século XIX quem melhor expressou a fisionomia da natureza americana.
Na mesma linha seguem as criações de Eduard Hildebrandt, bem naturalistas,
com tipos humanos peculiares e uma natureza virgem em ebulição.
O visitante
mais atento terá impressões bastante diferentes, quando não opostas.
No morro onde o inglês Landseer retrata o Pão de Açúcar, caçadores
de borboletas dão ao cenário uma pureza e uma descontração já perdidas.
A lagoa Rodrigo de Freitas do italiano Facchinetti e do inglês Tully
se torna ainda mais inimaginável após a recente tragédia ecológica,
tal como a plácida Baía da Guanabara do francês Vinet. O genebrino
Coindet faz do Andaraí Pequeno uma extensão de sua idílica Suíça.
Há ainda gravuras de São Paulo, Bahia, Maranhão e Pará. Todas, enfim,
falando de um paraíso que, se um dia existiu, definitivamente se
perdeu.
Visões de
um paraíso
Até 30/4 – Pinacoteca do Estado – Praça da Luz, 2 – São Paulo. |