Televisão - Foco
Interatividade
na tevê
Gabriela
Mellão
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Tas está
na tevê e na tela do computador: telespectador participa
com microcâmera |
A fusão
de novas tecnologias de comunicação hoje é
acompanhada com olhar de lupa pelos executivos das principais emissoras
de televisão do Brasil. Algumas experiências de mesclar
uso da Internet com a programação que vai ao ar começam
a avançar - e oferecem aos telespectadores oportunidades
de participar cada vez mais do que é exibido na telinha.
"Meu programa
vai estar muito voltado à Internet", diz Serginho Groisman,
cuja estréia
na Globo está prevista para abril. "Vamos estar on line
uma hora antes de entrar no ar e tanto a televisão quanto
a Internet vão disponibilizar informações diferentes",
adianta.
Interatividade
é pauta também para Marcelo Tas, apresentador do Vitrine
na Rede Cultura, o primeiro programa brasileiro a promover chats
ao vivo com o convidado, cuja concepção é justamente
discutir os diferentes tipos de mídia.
"Não
faz sentido o programa ser ao vivo se os telespectadores não
podem interagir", argumenta Tas, que fez uma análise
do Vitrine no segundo semestre de 1999 e constatou que o assunto
não só aumenta a participação dos telespectadores,
como também a audiência. "É um afrodisíaco.
Conseguimos
picos de 4 pontos, uma ótima pontuação para
a Cultura."Recentemente, o programa conseguiu outra inovação:
emplacou a participação de telespectadores através
não apenas de e-mails, faxes e telefonemas, mas também
da imagem, com o recebimento de arquivos enviados pelos espectadores
que têm, em seus computadores, microcâmeras digitais.
"A intenção
não é mostrar até onde a tecnologia é
capaz de chegar, e sim aliá-la ao conteúdo",
diz Tas. Um bom exemplo disso foi o programa especial sobre a Guerra
da Iugoslávia, realizado em julho de 1999, no qual um garoto
de Belgrado conversou com brasileiros, on line e ao vivo, através
de um chat. "Ele estava no meio de um bombardeio e um menino
do Brasil perguntou se não estava com medo de perder a conexão.
'Estou com medo de morrer', ele disse", conta Tas.
Além
do Vitrine, por enquanto apenas Fala Hugo - programa do CNT, fora
do ar há um ano - trouxe inovações interativas
reais. Com tecnologia dinamarquesa implantada no Brasil pela Dainet,
empresa especializada em mídia, o programa permitia que dois
telespectadores jogassem game de computador via telefone, ao vivo,
nas telinhas. Bastava apertar as teclas do telefone para movimentar
os bonecos dos joguinhos.
Ainda há
muito a ser conquistado em interatividade, mas Antônio Rosa,
presidente da Dainet e há 20 anos professor de mídia
da Escola Superior de Propaganda e Marketing, já consegue
enxergar um futuro próspero para os telespectadores.
"A programação
não vai mais estar nas mãos das emissoras, mas da
audiência. Vamos poder escolher horário e conteúdo
dos programas. E os comerciais vão ter que nos prestar algum
tipo de serviço para que sejam vistos", prevê
ele.
No Brasil, já
existem algumas tecnologias em teste. Em Sorocaba (SP), o serviço
de televisão por assinatura Net, das Organizações
Globo, estuda algumas formas de tevê interativa combinando
transmissão analógica e digital. Ainda não
significa o aproveitamento total do conceito de interatividade,
mas vai permitir que telespectadores se comuniquem com os programas,
obtendo mais informações.
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