 |
“Com o emprego poderia repor os gastos
com o treinamento e as competições”, diz
ele |
Os currículos distribuídos em lojas de um shopping
da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no mês passado, suscitaram
apenas telefonemas espantados. Postulante ao cargo de vendedor de
fim de ano, Pedro Thiago Bourbon de Orleans e Bragança, 25
anos, até foi procurado por alguns dos lojistas a quem pediu
emprego, mas somente para ouvir a mesma justificativa ao ser recusado:
“Você não precisa disso”. O problema é
que o tetraneto de Dom Pedro II precisa, mesmo, trabalhar. Ciclista
profissional, ele trancou a faculdade de Arquitetura no início
do ano e se mudou de Petrópolis, na região serrana
do Estado, para a casa da namorada, a empresária Patrícia
Lima, 30, em Jacarepaguá. A idéia é se dedicar
integralmente ao esporte. “Com o emprego poderia repor os
gastos com o treinamento e as competições”,
explica.
Habilitado a pilotar barcos e carros de corrida, e ainda com um
curso de marcenaria no currículo, o descendente do imperador
tem ganhado a vida como modelo. Por duas fotos para uma grife espanhola,
em 2003, recebeu R$ 24 mil. Os trabalhos esporádicos, no
entanto, ainda não foram suficientes para consertar a suspensão
de sua bicicleta, problema que deve impedi-lo de disputar, no fim
do mês, o mundial de sua categoria, a downhill (descida de
montanha), em Santa Catarina.
“Quem quer sobreviver do esporte é chamado de vagabundo,
mas Pedro quer ultrapassar essa barreira”, diz Patrícia.
A bicicleta do príncipe, que é 11ª no ranking
mundial, está avaliada em R$ 30 mil. Sem patrocínio,
ele está numa encruzilhada. No próximo ano, decidirá
se troca o Brasil pela Espanha ou pelos Estados Unidos, em busca
de estrutura para treinar, ou se entra para a política. Pedro
diz que tem propostas de três partidos, entre eles o PMDB,
para se lançar deputado estadual.
|