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A
Paixão de Cristo: filme mostra
violência e crueldade do ser humano,
mas exagera no retrato dos opositores
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Obrigatório
só pela polêmica, A Paixão de
Cristo, de Mel Gibson, é uma experiência
perturbadora e impressionante. Raramente um filme foi capaz de provocar
emoções tão fortes, inclusive físicas,
ainda que não seja fácil para o espectador, que sai
de estômago embrulhado e pernas bambas. Gibson quis mostrar
os tormentos por que passou Jesus. E mostra: todas as chibatadas,
os chutes, as quedas com o peso da cruz, os espinhos entrando na
testa, os pregos furando mãos e pés. E tudo sob a
perspectiva de Cristo, ou seja, o espectador vê o chicote
cortando a pele e assim por diante. É a produção
mais violenta da história.
Mel
Gibson, Oscar de melhor direção e filme por Coração
Valente, pretendeu criar
um longa-metragem oposto àqueles das décadas de 50
e 60, que traziam um Cristo angelical passando placidamente por
seu sofrimento. O diretor-ator quis ser mais
realista e conseguiu. Os apóstolos são homens maltrapilhos.
O ator Jim Caviezel,
que interpreta Jesus, teve os olhos azuis cobertos por lentes castanhas.
As línguas
faladas são latim e aramaico.
O
problema está no entorno. Como se sabe, Mel Gibson pertence
a uma linha católica ultraconservadora e afirma ter se baseado
no Evangelho. Mas incomoda o desnecessário tom exagerado
dos algozes romanos e sacerdotes judeus, o que não significa
que o longa seja anti-semita. Talvez um neonazista até enxergue
conexões entre a condenação de Jesus e o povo
judeu, mas na realidade a responsabilidade acaba nas mãos
de todos os seres humanos. O filme permite muitas interpretações,
mas, para quem quer ver, o que fica claro é que a intolerância
e o desamor existem desde sempre. Independentemente de religião
ou crença, o sofrimento de Jesus estampado na tela, ainda
que não deixe muito tempo para suas mensagens, mostradas
em breves cenas, expõe a violência e crueldade humanas.
Sangue de Jesus tem poder
A
paixão segundo Mel Gibson
O filme A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, entrou
para a lista dos mais polêmicos da história: |
Je
Vous Salue, Marie (1985)
No filme
de Jean-Luc Godard, proibido no Brasil, Maria jogava
basquete, aparecia nua e trabalhava fora
A
Última Tentação de Cristo (1988)
A produção
de Martin Scorsese mostrava
Cristo, na cruz, pensando como teria sido
sua vida ao lado de Maria Madalena
A
Paixão de Cristo (2004)
Mel
Gibson provocou os judeus ao impedi-los de ver o filme
antes da estréia. Membro de uma linha católica
ultraconservadora contra o Concílio Vaticano Segundo,
que recusou a responsabilidade dos judeus
na execução de Cristo, o diretor foi acusado
de anti-semitismo.
Números
•
O diretor Mel Gibson pagou do bolso a maior parte do filme,
que custou US$ 30 milhões
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Em 12 dias, A Paixão de Cristo arrecadou
US$ 212 milhões nos Estados Unidos
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No Brasil, o filme estréia em mais de 300 salas
•
O filme mostra as últimas 12 horas da vida de
Jesus
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35 centímetros mede a cicatriz que o ator Jim
Caviezel ganhou nas
costas depois de ser acidentalmente atingido por uma das chibatadas
•
A cruz que Caviezel carregou nas filmagens pesava 75 quilos
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Ele ficava de 4 a 8 horas sendo maquiado
Curiosidades
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A fotografia do filme foi inspirada nos quadros de Caravaggio,
que revolucionou o uso de luzes e sombras na pintura
•
O papel de Jesus Cristo foi oferecido a Jason Patric
e Johnathon Schaech antes de Jim Caviezel
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Jim Caviezel tem as mesmas iniciais de Jesus Cristo, e o ator
contava 33 anos
na filmagem. Tanto João quanto Pilatos são interpretados
por atores cujo primeiro
nome é Hristo – Cristo em búlgaro
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As mãos que aparecem pregando Jesus Cristo na cruz
são do próprio diretor Mel Gibson
•
A Paixão de Cristo foi filmado na cidade italiana
de Matera e nos estúdios
Cinecittá, em Roma |
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