Não
teme que o câncer volte?
Não. Faço check-up duas vezes por ano pela seleção.
Quando era pequeno, fazia de mês em mês. Com o
passar dos anos, esse espaço foi aumentando até
que, aos 12 anos, passei a fazer de ano em ano.
Quem
era essa senhora que antecipou sua cura?
Provavelmente era uma médium, mas não sei dizer
quem é porque minha mãe não me fala. Queria
ver,
conversar e saber o que ela viu, mas respeito se
minha mãe não quer que eu saiba.
Você acredita em mediunidade?
Sim, sou espírita. Leio muito Allan Kardec, Zíbia
Gasparetto, Chico Xavier. Minha família toda é, sempre
freqüentei
centros que estudavam o Evangelho. Queria ver o lado científico.
Um dos principais dias da minha vida foi quando conheci Chico Xavier,
em 1998.
Como
aconteceu o encontro?
Um programa esportivo de tevê me ofereceu a oportunidade de
conhecer uma pessoa famosa. Escolhi o Chico Xavier. Conseguiram
que eu almoçasse na casa dele, com a família dele.
Foi especial. Mas quando sentei ao lado dele, fiquei mudo. Depois
do almoço, nos deixaram a sós, mas não trocamos
uma palavra durante dez minutos. Até que a
nora dele veio me perguntar: “Seu sonho era conhecê-lo
e agora você não pergunta nada?”. Respondi que
não conseguia falar, estava me sentindo tão bem que
não precisava perguntar nada. Ele virou-se para mim e disse:
“Fique tranqüilo que você não precisa falar
nada, seus pensamentos estão falando por você”.
Foi a primeira vez
que escutei a voz dele. Chorei por meia hora, chegava a soluçar.
Fico arrepiado só de lembrar.
Suas
histórias só incluem a sua mãe. Como é
a relação com seu pai?
Meus pais se separaram quando eu tinha 13 anos. Não foi traumático.
Tinha que encarar numa boa se a coisa não estava dando certo.
Mas minha irmã, minha mãe e eu sempre tivemos uma
conversa muito franca. Somos só nós três? Vamos
nos abraçar e seguir em frente. A relação com
meu pai era supertranqüila, porém um pouco afastada.
Nos dávamos bem, mas desde que comecei a jogar me afastei
mais. Hoje, não posso dizer que convivemos, que temos um
contato direto. Ele mora em Londrina, casou-se de novo, tem outra
família. Há dois anos não nos falamos. Não
estamos brigados, mas nenhum dos dois telefona para o outro.
Não
sente falta dele?
Falta a gente sempre sente. Mas fui acostumado assim, desde pequeno
houve esse afastamento. Mas sempre
tive o apoio dos meus tios, irmãos da minha mãe.
Como
foi o acidente de carro que você sofreu em 1996?
Ia de Maringá para Curitiba sozinho quando vi um cachorro
morto na pista. Tentei desviar, mas a roda de trás dançou.
Caí numa ribanceira, o carro ficou totalmente destruído,
mas não sofri nada. Na hora, pensei: “Morri”.
A primeira coisa que fiz foi passar a mão na perna, rosto
e me mexer. Não tinha nada. Mas nada é por acaso.
Se aconteceu, era um aviso.
Que
tipo de aviso?
Depois do acidente, passei a ter mais cuidado, a pensar
que tenho que guardar dinheiro, nunca se sabe o dia de amanhã.
Se eu sofresse alguma coisa no acidente, poderia não jogar
mais. Passa tudo na catraca, a catraca fica rodando a mil. Cada
porrada que você toma na vida, você pára para
refletir e fica mais pé no chão.
Como
lida com o assédio feminino?
Sempre tive relacionamentos longos e nunca dei abertura. Sou muito
sossegado, não tem porque fazer besteira se
você está com a pessoa que ama. Nunca balancei e não
me arrependo. Já houve mulher batendo na porta do meu quarto
de hotel. Disse a ela: “Você está completamente
enganada quanto ao que veio procurar aqui. O caminho que você
fez para chegar é o mesmo que vai fazer para voltar”.
Outra vez, num aeroporto, uma mulher de uns 40 anos, bonita, me
deu uma cantada que tive que rir. Falou: “Por
que você está indo treinar? Pago sua passagem para
você passar uma semana lá em casa”.
Consegue
resistir às noitadas?
Sempre fui muito caseiro. Nunca fugi de concentração.
Prefiro sair para jantar com os outros jogadores ou pedir pizza no
quarto, assistir filme e jogar videogame até as duas da manhã.
Tem que ter responsabilidade e me disciplinei desde pequeno. Não
deixei de aproveitar minha adolescência, de sair, ir à
praia. Mas em vez de ficar um mês de férias como meus
amigos, ficava três dias, mas fazia desses
três dias um mês. Os loucos saíam, bebiam e acordavam
meio-dia. Eu saía, bebia, voltava um pouco mais cedo e
oito horas da manhã já estava de pé. A gente
ganha bem, mas tem carreira curta.
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